Todos nós fomos criança um dia, mas por não termos a memória dessa fase, se não fossem nossos pais, avós e tios nos delatando nas festas em família, jamais saberíamos. Quem nunca viu seu filho (ou de outrem) fazendo escândalo no supermercado, aos berros em público? Te asseguro: birra faz parte da infância, mas é como os pais vão reagir que se determinará o resultado dessa ação.
Dos zero aos 12 meses, o choro do bebê é a única forma dele se expressar para suas necessidades: sono, fome ou sujidades. A partir dos três anos, as famosas birras começam, pois é quando nasce a mistura entre o “desejo de independência” e a incredulidade da perda do colo. As palavras NÃO e MEU vão parecer ser as únicas em seu dialeto e o ciúme dos pais também vai dar às caras.
Como já sabem falar, aos quatro usam das palavras para “manipular”, mas como seu domínio de linguagem ainda é fraco, demonstram o que querem através de ações (batendo e empurrando) ou com gestos não verbais (expressões faciais ou posturas). Vão inventar qualquer desculpa para não ir para cama, já que é comum desenvolver medo do escuro e ao lado dos pais é mais seguro. Mas também é nessa idade que se mostrarão interessados em agradar e ajudar quando puderem.
Aos cinco entendem a importância das regras, mas podem desviar delas quando tiverem brincando. Compreendem a empatia e o entendimento de que outras pessoas têm opiniões diferentes. Vão acentuar sua independência e querem escolher o que vestir e comer. Assim, aos seis anos vão sempre à busca do reconhecimento por causa dos deveres cumpridos. Mas o colo da mamãe vai fazer falta, por isso as birras podem dar o ar da graça de novo.
Com sete e oito anos, inicia a fase da reclamação sobre tudo o que lhes rodeiam e vão exigir que você pense igual. É “8 ou 80”, meio termo não existe. Aos nove, as opiniões dos amigos são mais legais que a dos pais, e ao mesmo tempo em que são amorosos, desenvolverão a capacidade do egoísmo. Por fim, as últimas fases antes da pré-adolescência: 10 e 11. As birras finalmente saem de cena, mas a vez é a necessidade imortal de discutir sobre as regras impostas.
Independente de cada fase, é importante que você dialogue e intervenha para que a criança entenda que seu desejo é ou não coerente; seja gentil e evite broncas, use e abuse da compreensão; encoraje a independência desde cedo e reconheça seus esforços; dê suporte nas dificuldades; evite elogios excessivos, mostre que as outras pessoas também são especiais; e, principalmente, é fundamental que você curta cada momento que puder para que a adolescência não seja tão amarga para você.
Ser pai/mãe é padecer no paraíso, por isso tome nota: nenhuma família neste mundo é idêntica à sua. Então, será no cotidiano e na singularidade que as respostas para tudo serão encontradas para o bem comum entre pais e filhos.