Waldemar Furlanetto: de jovem aprendiz a alfaiate

Prudentino foi responsável por vestir diversas famílias com seus trajes e peças únicas durante 18 anos; hoje, ele completa 90 anos, cheio de amor pela família e boas histórias para contar 

VARIEDADES - WEVERSON NASCIMENTO

Data 19/09/2020
Horário 07:00
Weverson Nascimento - Nascido em 19 de setembro de 1930, Waldemar acompanhou de perto o desenvolvimento de PP
Weverson Nascimento - Nascido em 19 de setembro de 1930, Waldemar acompanhou de perto o desenvolvimento de PP

Tesoura, régua, fita métrica, linha e agulha deram vida às mais belas vestimentas do século passado. Nas mãos de alfaiates minuciosos e talentosos, o setor cresceu nas mesmas proporções que as cidades foram evoluindo, até o surgimento da indústria da moda. Em Presidente Prudente, uma das personalidades da época, Waldemar Furlanetto, foi o responsável por vestir diversas famílias com seus trajes e peças únicas durante 18 anos. Hoje, ele completa 90 anos de idade, cheio de alegria, amor pela família e boas histórias para contar. 
Nascido em 19 de setembro de 1930, Waldemar acompanhou de perto o desenvolvimento da centenária Presidente Prudente. Filho do carpinteiro Primo Furlanetto e da dona de casa Virginia Maçoni Furlanetto, uma das famílias pioneiras no município, cresceu e se desenvolveu em terras prudentinas. Com apenas 10 anos de idade, iniciou seus primeiros ofícios na alfaiataria. 
“Tinha muita alfaiataria em Prudente porque aqui não tinha fábrica de roupas. Eu entrei em uma delas como aprendiz e, na época, tinha como função cuidar do ferro de passar, pois antigamente não tinha o elétrico, era só brasa”, explica. “E, olha! O aprendiz tinha que mantê-lo sempre quente se não o oficial ficava bravo”, relembra Waldemar. 
Conforme históricos, a alfaiataria era a tradição da roupa feita sob medida a qual agregava um valor de luxo e requinte, símbolo da cultura masculina contemporânea. E foi assim, nas horas vagas, que o jovem alfaiate começou a fazer suas primeiras peças (calças e paletós), sempre com um jeito irreverente de trabalhar. Dentre as empresas que passou na época, Waldemar trabalhou para Avelino Espolador, dono da Alfaiataria Chic Prudentino, que ficava localizada na antiga Rua Newton Prado, que hoje é a Rua Major Felício Tarabay – nome de ruas antigas, inclusive, é uma memória presente para o aniversariante. 

Luz ao trabalho: "fazer sempre do meu jeito"

No empreendimento, começou seu ofício em meados de 1950, seguindo os padrões do proprietário, mas foi diante de uma oportunidade que ele deu luz ao seu trabalho. “Eu comecei a fazer o serviço mais difícil. Foi quando perguntei para ele: ‘posso fazer do meu jeito?’. Quando ele viu o resultado, ficou surpreso e disse para eu fazer sempre do meu jeito – a famosa frente virada. É importante dizer que para ser um alfaiate, você tinha que estudar um pouco de anatomia, porque as pessoas não iguais. Então, tudo isso você tinha que corrigir para ter um terno perfeito”, conta Waldemar. 
As mãos habilidosas do jovem alfaiate, inclusive, vestiram diversos fazendeiros da região e prudentinos como Olavo Botta, Tenório Guerra, Valinho (da antiga Farmácia Valinho), entre outros.

“PARA SER UM ALFAIATE, VOCÊ TINHA QUE ESTUDAR UM POUCO DE ANATOMIA, PORQUE AS PESSOAS NÃO IGUAIS. ENTÃO, TUDO ISSO VOCÊ TINHA QUE CORRIGIR PARA TER UM TERNO PERFEITO”
Waldemar Furlanetto

O homem habilidoso também foi responsável por confeccionar seu próprio terno de casamento. Ele e a esposa, já falecida, Herondina da Silva Furlanetto, se casaram no dia 12 de janeiro de 1957, na mesma igreja do jornalista Geraldo Soller (in memoriam). “Ele enfeitou toda a igreja e atrasou um pouquinho. Como ele demorou, eu entrei e casei primeiro. Quando me via na rua ele dizia brincando: o ladrão de altar”, relembra com alegria. “Ele era um cara correto, de um trabalho formidável”, frisa o aniversariante. 
Depois do ofício de alfaiate, Waldemar trabalhou na antiga Telefônica, no setor de venda de aparelhos, até entrar em 1972 para o quadro de colaboradores do jornal O Imparcial, local onde desempenhou função no setor de cobranças e, posteriormente, assinaturas. No veículo de comunicação, relembra a parceria com os profissionais Mario Peretti, Adelmo Santos Reis Vanalli, Deodato da Silva e Sinomar Calmona. Na empresa, inclusive, permaneceu por 24 anos. Neste período, também atuou na empresa Massif (atual Gerdau). 
Apaixonado por música e pela pescaria, soma inúmeras aventuras ao lado dos amigos em rios Brasil afora.  Pai de quatro filhos, Meire da Silva Furlanetto, Milton da Silva Furlanetto (falecido), Mirim Furlanetto da Fonseca e Telma Furlanetto Guassu, viu sua família crescer ao longo dos anos. Hoje, conta com 12 netos e 13 bisnetos.

Fotos: Arquivo Pessoal

Além da música, sempre foi um apaixonado por pescaria


Waldemar confeccionou seu próprio terno de casamento

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