O Brasil é um dos poucos países do mundo a manter suas escolas fechadas por tanto tempo durante a pandemia da Covid-19, uma tragédia! Pesquisas de opinião realizadas com pais e educadores no final de 2020 e início de 2021 mostraram que a reabertura ainda não é o desejo da maioria, e isso é bastante compreensível, haja vista o recrudescimento da pandemia praticamente em todas as regiões do país.
Contudo, as perdas cognitivas, de aprendizado, socialização e trocas que o ambiente escolar traz são insubstituíveis e essenciais. Afinal, a educação é uma relação humana, como diria Paulo Freire.
Como pai e educador, mudei de opinião e passei a defender o retorno gradual em outubro passado. Com embasamento na experiência de retorno das aulas na maior parte da Europa e da Ásia, e ainda, na leitura de artigos de médicos pediatras e infectologistas, passei a considerar que talvez o retorno fosse seguro, desde que as regras sanitárias fossem seguidas.
As perdas cognitivas, de aprendizado, socialização e trocas que o ambiente escolar traz são insubstituíveis e essenciais
Agora, que estamos a poucos dias do retorno presencial determinado pelo governo paulista, posso dizer que tenho medo do que se avizinha. Medo causado pela ausência dos professores e profissionais da educação entre os grupos prioritários imediatos da vacina, medo pela ausência completa de protocolos que incluam a testagem da população escolar, medo de não ver absolutamente ninguém defendendo a vacinação imediata dos professores.
A história da educação brasileira é farta em exemplos de negligência, desrespeito e desvalorização da educação e dos seus profissionais, em todos os aspectos. Sendo realista, não me surpreende que os profissionais de educação estejam fora das prioridades imediatas da vacinação. Entretanto, é assustador observar que enquanto a sociedade se prepara para o retorno com aglomerações nas papelarias na busca do material escolar, professores não sejam testados ou vacinados. A escola é onde podemos nos tornar seres humanos melhores, e a vacinação dos profissionais da educação seria a única opção de continuar acreditando nisso!