Volta às aulas

OPINIÃO - Raul Borges Guimarães

Data 07/01/2024
Horário 04:17

Ontem eu fui fazer uma compra na papelaria e me deparei com longas filas, muitas famílias com a lista de material escolar. Fiquei com saudades do tempo em que as minhas dívidas bancárias estavam relacionadas com a compra de cadernos novos, lápis e canetas, mochilas e muitos livros didáticos para as minhas filhas (rsss). É verdade que das férias escolares sempre temos muitas histórias para contar, mas como é bom também aquela ansiedade para o retorno às aulas, não é mesmo? 
Quando eu era criança, o período de férias era muito longo (de dezembro até fim de fevereiro!). Hoje as crianças retornam muito mais cedo - em alguns casos até mesmo no final de janeiro - e não sei dizer se dá tempo de sentir vontade de voltar para a escola, mas eu percebi uma certa excitação na papelaria. Cenas como essas me deixam convencido de que o ambiente escolar é insubstituível. Não é que eu seja contra o uso de novas tecnologias educacionais e das vantagens do ensino assistido pelos computadores, mas a educação presencial continuará sendo insubstituível para a interação social, suporte emocional e dinâmicas de aprendizado únicas. Práticas laboratoriais, atividades de arte e educação física, experiências olho no olho, contato físico, emoções. E o que posso dizer dos trabalhos manuais? Eles permitem expressar criatividade, relaxar a mente, desenvolver habilidades motoras, paciência e muitas habilidades sociais ao trabalhar em projetos colaborativos. Experimentação e descoberta, conexão com a história e as tradições culturais, transmissão de conhecimentos e técnicas valiosas de geração em geração. Sim, a escola também vive de tradições orais! Que desafio fazer aquela tela de macramê, cruzando-se dois fios sobre outros dois: “cruza o da esquerda por cima e depois passa por baixo, em seguida, o da direita por cima e por baixo para se criar uma série de nós que formam um padrão geométrico (ufa!).”
Diga-se de passagem, tenho acompanhado com interesse a mudança de rumo nas políticas educacionais da Suécia. Trata-se do único país do mundo que, desde a década de 1990, buscou implementar a educação 100% digital. Mas os educadores de lá voltaram atrás e decidiram investir milhões de euros em experiências práticas que nenhuma tela pode substituir. É o retorno de atividades artesanais, como costura, marcenaria, tricô e outras formas de artesanato, reconhecendo-se os benefícios educacionais dessas práticas. Pois é, tudo indica que apesar do crescimento do ensino online, a escola presencial continuará a ser valorizada e adaptada para se manter relevante. 

 

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