“Você tem medo de morrer? Sim. Evito ouvir informações a respeito de infarto, como identificá-lo e o que acontecerá, após tê-lo. Tenho pânico só em pensar sobre túmulos ou sepulturas, falta o ar só em falar sobre. Odeio pensar em baratas e que elas existem. Procuro evitar aviões, barcos, altura e rodovias. Meus sintomas são muito fortes. Ao deparar com elevadores, resisto em usá-los. Subo quantos degraus forem possíveis. Eu tenho taquicardia, sudorese, formigamento, tremores e minhas pupilas até dilatam. Eu deixo de fazer meus exames clínicos, pois tenho fobia a agulhas e evito ver sangue. Desmaio”.
Bem essas são as queixas que ouvimos em nosso cotidiano. As fobias são medos incontroláveis de determinados objetos ou situações particulares. O sujeito poderá tornar-se muito ansioso quando confrontado com o objeto fóbico. Os transtornos de ansiedade podem ser divididos em duas categorias principais, transtornos fóbicos e estados de ansiedade. Os transtornos nestas duas categorias diferem em termos do grau no qual a ansiedade é localizada ou difusa. No caso dos transtornos fóbicos, a ansiedade é localizada e associada a um objeto, como aranhas, por exemplo. Em contraste, em estados de ansiedade, esta é difusa, não relacionada a algo específico e é experimentada como onipresente ou livremente flutuante.
Uma pessoa que sofre de um estado de ansiedade pode sentir como se sua vida inteira estivesse envolvida em uma nuvem eletrificada ou que cada volta do caminho trará condenação e desastre dos quais não há como escapar. Nas fobias, os medos são irracionais e persistentes. E não há justificativas na realidade. Um aspecto importante do medo fóbico é que o indivíduo está consciente da irracionalidade do medo. A pessoa sabe que seu medo não é realmente justificado, mas ao mesmo tempo elas não podem simplesmente parar de ficar com medo. Tal conhecimento da realidade da situação é importante porque distingue um indivíduo com fobia de um indivíduo com um delírio, que é uma crença injustificada em relação ao mundo que ele não reconhece como errada.
Nos transtornos fóbicos, observamos uma separação inapropriada dos aspectos cognitivos e emocionais do funcionamento psicológico. Poderíamos ficar em muitas páginas, discorrendo sobre fobias. Fobia social, agora fobia e fobias específicas fazem parte dos transtornos fóbicos. A claustrofobia pode causar grande prejuízo, se a pessoa necessita trabalhar em lugares fechados.
Nós, psicanalistas, pensamos, sobre o que estaria, de fato, oculto no psiquismo entre pessoas fóbicas. O que realmente estaria ocorrendo? É bem semelhante ao que ocorre aos sonhos e sua interpretação. O trabalho dos sonhos transforma os conteúdos latentes em manifestos. E então os seus conteúdos aparecem em formas condensadas e deslocadas. Se sonhamos com carros, podemos intuir que pode ser tudo, menos carro. E assim, a fobia por barata, nunca é de barata que o sujeito tem terror. Qual seria o significado simbólico de fobia de barata?
Como “arqueólogos”, nós psicanalistas, com um pincel de pelo de camelo, vamos investigando o objeto fóbico e as profundezas arqueológicas do objeto. O que estaria atrás desse objeto fóbico em que causa repugnância? A escavação é preciso, no sentido de tornar conhecido, o estranho que nos habita. A busca do equilíbrio e do nosso bem estar “conheça-te a ti mesmo”, de Sócrates, é fundamental.