Por muitos anos, a obesidade foi tratada apenas como um fator de risco para outras doenças, como diabetes e hipertensão. No entanto, um novo consenso médico internacional propõe algo novo: a obesidade não é apenas um fator de risco, mas uma doença em si, com impactos diretos na função dos órgãos e no corpo como um todo.
Se antes o diagnóstico de obesidade era baseado exclusivamente no IMC (Índice de Massa Corporal), agora a ciência avança para critérios mais precisos. A principal mudança é entender a obesidade como uma doença crônica e que pode estar presente mesmo antes do surgimento de complicações como infarto ou AVC.
O IMC, calculado dividindo o peso pela altura ao quadrado, sempre foi um método limitado para avaliar a saúde de uma pessoa. Ele não diferencia massa muscular de gordura, o que pode levar a interpretações erradas. Por exemplo, um atleta com grande quantidade de músculo pode ter um IMC elevado e ser classificado como obeso, mesmo tendo baixa gordura corporal e excelente saúde metabólica. Já uma pessoa com IMC dentro da faixa considerada "normal" pode ter um acúmulo de gordura no fígado ou ao redor dos órgãos, um problema conhecido como esteatose hepática ou gordura visceral, que aumenta o risco de diabetes e doenças cardiovasculares. Ou seja, o IMC pode tanto superestimar a obesidade em quem tem muita massa muscular quanto subestimar riscos graves em quem tem gordura oculta nos órgãos.
A nova proposta médica sugere que, ao invés de depender apenas do IMC, devemos considerar dois fatores:
1. A confirmação do excesso de gordura corporal. Isso pode ser feito por métodos diretos, como bioimpedância, ou por medidas mais acessíveis, como a circunferência da cintura e a relação cintura-altura.
2. A obesidade agora é classificada em dois estágios:
- Obesidade pré-clínica: Quando há excesso de gordura corporal, mas os órgãos e tecidos ainda funcionam normalmente. Nessa fase, o risco de desenvolver doenças graves é alto, mas ainda pode ser prevenido.
- Obesidade clínica: Quando o excesso de gordura já compromete a função de órgãos e tecidos, causando problemas como hipertensão, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e alterações hormonais.
Essa nova abordagem significa que a obesidade não é apenas um número na balança. Agora, o diagnóstico considera como o excesso de gordura afeta o organismo, permitindo intervenções mais eficazes.
Além disso, essa redefinição ajuda a combater o estigma. Muitas vezes, pessoas com obesidade são julgadas como "preguiçosas" ou "sem força de vontade", quando, na verdade, a obesidade é uma doença complexa, influenciada por genética, metabolismo e fatores ambientais.
Se você tem obesidade ou está em risco, o primeiro passo é buscar um profissional da saúde que compreenda essa nova abordagem. O tratamento não se resume a dietas restritivas, mas envolve um plano completo para restaurar a saúde metabólica.
Com essa nova definição, finalmente podemos tratar a obesidade com a seriedade que ela merece e oferecer soluções reais para quem quer viver mais e melhor.