Você sabia que a maioria das pessoas - 79% - não quer ter filho nos próximos dois anos? É o que revela pesquisa do Ibope Inteligência, feita em março, com 1.491 cidadãos em idade fértil: homens entre 16 e 60 anos e mulheres de 16 a 45 anos, em 143 municípios brasileiros. Dos entrevistados, 17% têm intenção de gravidez e 2% da adoção. Outros 2% não souberam responder. Entre os principais motivos para esta decisão, podemos citar a crise econômica e política que afetou o orçamento de muitas famílias, o custo material gerado a partir da chegada de uma criança e a maior presença da mulher no mercado de trabalho e suas dificuldades de conciliação da vida materna e profissional. Há também aqueles que não querem a responsabilidade e ponto.
Pelas regiões
No Sul do Brasil, os números dos que não desejam ter uma criança em casa até 2020 chegam a 87% dos entrevistados. Em contrapartida, talvez impulsionado por questões socioeconômicas, o Nordeste é a região onde as pessoas estão mais abertas à maternidade/paternidade: 76% não pretendem ter. No Sudeste este número cai para 77% e, no Norte e Centro-Oeste, eles alcançam 82%. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou menos.
Sem estrutura
Ter filhos no Brasil custa caro em função das deficiências no sistema público que tornam a oferta de serviços, como de saúde e educação por exemplo, aquém daquilo que o cidadão necessita para ter seus direitos garantidos. Isso força as famílias a optarem por uma prole menor, uma vez que precisam recorrer à rede privada de ensino e aos planos de saúde para garantia de qualidade de vida e até sobrevivência.
Muitos usuários da rede pública ficam meses ou até anos à espera por consultas, cirurgias eletivas ou realização de exames de alta complexidade. A escola do governo, da mesma forma, pouco valoriza seu professor, apresenta maior incidência de violência e está engessada para investimentos estruturais e em recursos humanos.
Tenham filhos
Ainda que romantize a paternidade/maternidade, ter filhos requer planejamento, pois o impacto é certeiro tanto no orçamento doméstico quanto na rotina familiar. Exige dedicação, olhar minucioso e conscientização da responsabilidade sobre criação e educação. Com dois pequenos, um de 5 anos e outro de 1 ano, e embora planeje um terceiro, o momento pede cautela. Entretanto, reforço o que apresentei em um dos artigos publicados neste espaço e que está no blog Papai Educa (www.papaieduca.com.br), se pudesse revelar o segredo da felicidade, eu diria: tenham filhos. Se organize, não demore muito, experimente!
O que tira seu sono e te faz querer saber mais sobre?
Outra pesquisa, da SEMrush, líder global em marketing digital, analisou as palavras-chave mais pesquisadas pelo brasileiro no mês de abril, em plataformas de pesquisa como Google e Bing, para tentar revelar as principais preocupações nacionais. O estudo envolveu uma pré-listagem de termos que ilustram temas que provavelmente tirariam o sono das pessoas.
No Brasil, o termo “saúde” ficou na primeira posição, com 7,2 milhões de buscas. O resultado se relaciona com a precariedade do sistema, devido à falta de recursos e aos recentes ocorridos, como o surto da febre amarela.
Na segunda posição ficou “educação”, com 6,8 milhões de buscas. O dado faz sentido visto o impacto recente das políticas de Educação propostas pelo governo e as mudanças instituídas, como a nova grade curricular do ensino médio.
“Emprego” e “desemprego” ocupam, respectivamente, a terceira e quarta posições entre as principais aflições do brasileiro, com 6,4 e 2,3 milhões de pesquisas. As buscas pelos termos podem estar relacionadas à atual taxa de desemprego do último trimestre: 13,1% segundo o IBGE - o que significam 13,7 milhões de brasileiros sem trabalho.
Em ano eleitoral e diante da atual “política” - quinto tema mais pesquisado (1,3 milhão de buscas) entre os brasileiros, - teríamos um cidadão/internauta mais interessado pelo assunto frente ao escandaloso cenário nacional e as dificuldades pessoais enfrentadas por conta de tanta corrupção? Se “eleições” é a sexta palavra-chave mais procurada, com 452 mil buscas, que em 7 de outubro, possamos ser responsáveis com nossas escolhas assim como buscamos que o governo seja conosco.
Leandro Nigre é pai, jornalista, especialista em Mídias Digitais, editor-chefe do jornal O Imparcial, e idealizador do projeto Papai Educa www.papaieduca.com.br. Contato: [email protected]