Você conhece o que está acontecendo com a cultura em Presidente Prudente?

OPINIÃO - Helber Henrique Guedes

Data 12/04/2025
Horário 05:00

O setor cultural de Presidente Prudente está vivendo um momento decisivo. Após anos de esforços e tentativas, o PMC (Plano Municipal de Cultura) volta a ser debatido e reformulado, agora com respaldo da nova legislação nacional que trata a cultura como um direito fundamental (BRASIL, 2024). Mas, para que esse plano funcione de verdade, ele precisa refletir a cidade que vivemos — com sua diversidade de territórios, suas práticas cotidianas e seus saberes populares.
É aqui que entra o mapeamento cultural colaborativo: uma ferramenta essencial para escutar quem vive e faz cultura nos bairros, nas periferias, nos espaços que nem sempre são visíveis para o poder público. Trata-se de um processo de escuta ativa, de registro coletivo e de reconhecimento da cultura viva da cidade. Mais do que um levantamento técnico, é um ato de valorização simbólica e política: quem não está no mapa, não está nas políticas.
Em Prudente, a cultura pulsa em muitos lugares ao mesmo tempo — nas festas de bairro, nas oficinas comunitárias, nas expressões religiosas, nas linguagens periféricas e nas práticas que resistem à margem da institucionalidade. No entanto, como alertam estudos recentes sobre a cidade (NAGIB; NAKAYAMA, 2023), a fragmentação do espaço urbano e a centralização dos recursos culturais dificultam o acesso pleno à cultura, sobretudo nas zonas periféricas do município.
Por isso, o momento atual é uma oportunidade. O PMC precisa nascer da escuta real dos territórios, e o mapeamento colaborativo pode cumprir essa função: aproximar o plano da cidade concreta, conectar os saberes populares às políticas públicas, e garantir que nenhuma prática cultural fique de fora por falta de visibilidade institucional.
Segundo o Guia de Elaboração dos Planos Municipais de Cultura, o diagnóstico é a primeira etapa do planejamento (BRITTO; BOULLOSA, 2017). E todo diagnóstico que se pretende democrático precisa ser feito com a comunidade e não apenas sobre ela. É aí que o mapeamento se torna também um convite: para que os agentes culturais locais se reconheçam como protagonistas da política cultural.
A cidade que queremos — diversa, criativa e democrática — precisa de um plano que reconheça todos os seus territórios simbólicos. E você, morador, fazedor de cultura, gestor, educador, artista: que cidade você quer construir? O debate está aberto, o momento é agora. Participe, mapeie, compartilhe. Vamos juntos colocar a cultura viva de Prudente no centro do planejamento.

Referência sugeridas 

ACT BRASIL. Manual de mapeamento cultural colaborativo. Brasília: ACT, 2008.

BRASIL. Lei nº 14.835, de 4 de abril de 2024. Institui o marco regulatório do Sistema Nacional de Cultura. Diário Oficial da União, 2024.

BRITTO, N. H.; BOULLOSA, R. Planos Municipais de Cultura: Guia de Elaboração. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2017.

NAGIB, Gustavo; NAKAYAMA, Katia Atsumi. A (re)produção do espaço popular sob a lógica socioespacial fragmentária: o caso de Presidente Prudente-SP. PerCursos, Florianópolis, v. 24, e0302, 2023.

Foto: Roberto Mancuzo

 

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