“Uma vida com espírito” é a singela definição de espiritualidade. Viver com amor cada coisa. Deixar-se conduzir pelo Espírito Santo. Ter ânimo a cada momento, seja nas tarefas leves, seja nas duras. Faz diferença deixar-se governar por aquilo que dá forma e sentido a todas as coisas. Há quem vá para frente do sacrário na igreja imbuído do Espírito e adore, contemple, ame... E há quem, movido pelo mesmo e único Espírito, vá para protestos reivindicatórios de melhores condições de emprego, moradia, vida...
O Espírito é único, e variada a sua ação, porque variados são os dons concedidos aos que lhe pertencem. Cada pessoa recebe dons específicos para o bem de todos. Para fomentar e formar a totalidade, os dons são distintos e diversos. A busca da unidade passa pelo binômio singularidade-diversidade. E só será alcançada na docilidade ao Espírito, não no enfrentamento de uns contra outros. É no dia a dia que espiritualidade se revela. Quem ama e se deixa amar. Quem ‘verdadeia’ em seus negócios e reprova a mentira e a injustiça nas relações interpessoais e comerciais. Numa conversa, fortuita e casual, é possível reconhecer quem nutre espiritualidade: a pessoa, sem falar ‘Deus’ e sem citar versículo, está impregnada de Deus, da Bíblia e do Espírito. São pessoas das quais se têm vontade de ficar perto e de ouvi-la com apreço.
Poetas, mesmo não cristãos, cultivam espiritualidade. Mães e pais cuja tarefa educativa se dá no amor pelos seus, cultivam espiritualidade. Gente do comércio que atende com alegria e escuta as dúvidas do cliente com atenção e apreço, procurando compreender os desejos e corresponder-lhes com dignidade e honestidade, cultivam espiritualidade. O sorriso o comprova, ainda que com cansaço físico à mostra. Pessoas públicas, de quaisquer esferas, revelam a sua espiritualidade quando deixam transbordam do seu interior: vida, alegria, paz, bênçãos, verdade, bondade, interesse pelo outro... são pessoas habilitadas pelo “hálito” divino e não pelos ventos dos despistes, das leviandades e à procura do seu próprio bem.
Assim, não se pode “fazer espiritualidade”, pois é a espiritualidade que modela a pessoa. E toda pessoa que nutre vida espiritual –até os santos– não está isenta de passar por tribulações e “noites escuras” na fé – fato constatável na vida quotidiana. Cultivar bons sentimentos, alimentar-se de boas leituras, conversas, músicas e desejos é coisa para quem se deixou conduzir pelo Espírito da Vida, que dá vida. Tal como a cana na moenda, nem as contrariedades endurece ou azeda quem vive segundo o Espírito.
Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!
