A participação da modelo mineira Natalia Deodato no Big Brother Brasil 2022 gerou debates no programa e nas redes sociais sobre uma doença caracterizada pela perda natural da coloração da pele, melanina: o vitiligo. Embora seja uma patologia que não causa dor ou nenhum dano, sua aparência, na maioria das vezes, chama a atenção das pessoas, que voltam seus olhares para quem tem a doença. Por isso, ainda que com exceções, muitos que a possuem sentem vergonha, discriminados, e em algumas situações, ter que lidar com o preconceito, entre outros sentimentos nada agradáveis, o auxílio psicológico é inevitável.
A dermatologista de Presidente Prudente, Karina Donadio Fragão Sunaga, diz que o vitiligo só atinge a pele, não alcança órgãos internos e não causa nenhum sintoma além das manchas brancas ou mais claras na pele. Ela menciona também que não tem uma prevalência e os sinais podem aparecer na infância e pode atingir até o idoso. Assim como não existe uma causa esclarecida sobre a doença. Mas sim teorias imunológicas, citotóxicas e neurais. Segundo ela, acredita-se que se trata de uma doença autoimune que a pessoa adquire anticorpos contra os melanócitos e o que desencadeia esses anticorpos seria algum fator emocional como estresse, trauma.
“É uma doença relacionada com a ausência ou diminuição, em alguma região do corpo, dos melanócitos, que são células responsáveis por produzir o pigmento na pele. A teoria citotóxica está relacionada com o uso de derivados de hidroquinona, que são tóxicos e acabam matando os melanócitos. Já a teoria neural está associada com a localização unilateral ou segmentar do vitiligo. Acredita-se que existe um mediador neuroquímico que distribuiria a inibição da melanina”, explica Karina.
A médica menciona que existem tratamentos tópicos, orais e também a laser para o vitiligo. Contudo, como se trata de uma doença autoimune, cada indivíduo responde de uma maneira. “Tem pessoas que se curam do vitiligo. Outras não respondem tão bem ao tratamento, estabilizam, e tem aquelas que, infelizmente, evoluem”, ressalta a especialista.
No tratamento tópico existem loções e cremes, alguns sendo preciso ficar ao sol para ter resultado. Outros não. Os terapêuticos orais geralmente precisam de exposição solar para ativação. Tem o método com fototerapia, que são câmaras com radiação com várias sessões para ter resultado; intervenção com um laser na região. “Tem até um processo cirúrgico, onde é feito transplante de melanócitos, que são retirados de um lugar saudável e implantados onde tem o vitiligo”, sinaliza.
Uma tecla que ficará sempre gasta é a do quanto o diagnóstico precoce faz a diferença na maioria das vezes. Karina destaca que, neste caso, é muito importante para não evoluir a doença. De acordo com ela, quanto menor a lesão e o dermatologista interferir no início, será melhor a chance de resposta.
“Quando as lesões estão muito extensas, mais antigas, provavelmente, não vão responder tão bem ao tratamento. Se a pessoa já tem uma extensão muito grande fica até inviável passar um creme ou tomar medicamento. Muitas vezes, é necessário a gente fazer até o contrário. Ao invés de tentar escurecer a área, tentamos clarear o local da pele normal para fica homogênea”, destaca a dermato.
Karina acentua que mudanças de hábito no dia a dia podem ajudar no tratamento do vitiligo. As regiões que não têm os melanócitos automaticamente estão mais desprotegidas, então, ela frisa que as pessoas precisam ter mais cuidados com a radiação ultravioleta, pois, naturalmente, estarão mais propensas a sofrerem queimaduras, por exemplo.
“Tem que cuidar mais dessas áreas para evitar o aparecimento de um câncer de pele, por exemplo. Evitar a exposição solar das 11h às 16h é essencial. A pessoa que tem vitiligo leva uma vida normal. Trabalha, estuda, enfim, o único mal é a aparência”, salienta a médica.
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Vitiligo pode acometer pessoas de todas as idades, inclusive crianças
