Venda de pacotes internacionais tem queda em Prudente

Empresas afirmam que alta no dólar e período eleitoral podem ter influenciado na queda no mês de setembro em relação ao mesmo período de 2017

PRUDENTE - GABRIEL BUOSI

Data 31/10/2018
Horário 06:18
Marcio Oliveira - Amanda diz que procura por destinos internacionais caiu 35% de um ano ao outro
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Um levantamento divulgado pela “Agência Brasil”, e realizado pelo Banco Central, revela que a alta do dólar fez com que os gastos dos brasileiros em viagens para o exterior apresentassem queda, se comparados os meses de setembro de 2017 com o mesmo período deste ano. Segundo o Banco Central, uma redução de 30% foi registrada, visto que foi US$ 1,189 bilhão neste ano, contra US$ 1,716 bilhão em gastos em 2017. Para analisar se o cenário reflete na economia local, a reportagem contatou duas agências de viagens, que confirmaram, no mesmo período, terem registrado queda nas vendas de pacotes, principalmente para os destinos internacionais.

“A taxa média de câmbio passou de US$ 3,30 em setembro de 2017 para US$ 4,20 em setembro deste ano. No resultado acumulado de janeiro a setembro também houve queda e os gastos no exterior foram de US$ 13,875 bilhões. No mesmo período de 2017, somaram US$ 14,145 bilhões”. Conforme a pesquisa da “Agência Brasil”, as despesas com viagens são bastante sensíveis à taxa de câmbio, visto que o dólar mais caro faz com que os gastos sejam reduzidos, em situações que os brasileiros preferem adiar viagens ou reduzir o orçamento para as despesas, ou até mesmo cancelar os planos para ir ao exterior.

Ainda de acordo com o levantamento do Banco Central, as receitas de estrangeiros no Brasil atingiram US$ 373 milhões em setembro, e US$ 4,513 bilhões nos nove meses de 2018, contra US$ 407 milhões e US$ 4,360 bilhões, em iguais períodos de 2017, respectivamente. Com os resultados de receitas e despesas, a conta de viagens internacionais teria ficado negativa em US$ 816 milhões em setembro, e em US$ 9,362 bilhões de janeiro a setembro deste ano.

Cenário local

A agente de viagens da BeTravel, em Presidente Prudente, Amanda Silveira Gerônimo, afirma que no ano passado, em setembro, a empresa vendeu muitos pacotes internacionais, por ser um mês propício, quando os clientes fecham contratos para viagens que devem ocorrer entre março e abril. Neste ano, no entanto, uma queda de aproximadamente 35% foi registrada no mesmo período. “Penso que pode ser por causa do dólar, o que eleva o preço dos pacotes. Aqui os destinos que mais saem, e que foram mais afetados, são Punta Cana, Cancun e Orlando, nos Estados Unidos”. Na agência, o perfil dos clientes que procuram por tais destinos, de forma geral, é o público jovem.

A mesma queda, porém menos acentuada, ocorre na Balbino Tur, de acordo com a gerente Sônia Balbino. Segundo ela, o período eleitoral que o Brasil vivencia pode estar ligado à queda de aproximadamente 12% na venda de pacotes internacionais entre 2017 e 2018. “O pessoal fica muito receoso com os resultados e como isso pode interferir na cotação das moedas e desvalorização do real, então penso que é comum. Acredito, no entanto, que após as eleições e principalmente após o início do ano, quando há muitas contas para pagar, o setor deve voltar a ser aquecido”, salienta. Na agência, os destinos mais buscados são os roteiros europeus e a Flórida, nos Estados Unidos. “Meu público, no entanto, é muitas vezes para a melhor idade e grupos de adultos”.

Amante das viagens internacionais, Lília Cristina de Oliveira Mota costuma ir pelo menos uma vez ao ano para destinos fora do Brasil, sendo que na lista dela estão a Alemanha, Áustria, Colômbia, Espanha, Itália, Portugal, República Dominicana e Venezuela. Questionada sobre o que a motiva a buscar novos países, ela afirma se interessar por novas culturas e o padrão de desenvolvimento. “A cotação do dólar não interfere tanto na escolha, pois eu prefiro poupar mais, comprar menos coisas, mas conhecer a cultura e os locais”. Sobre suas experiências, ela afirma ser sempre muito bem recebida e se recorda da educação encontrada lá fora. Além disso, novas viagens já estão programadas. “Vou para a Áustria em abril assistir ao espetáculo de ballet Otelo, já que minha filha estará no palco. Em agosto iremos para Santiago de Compostela, na Espanha”, conta.

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