“Mulheres falam demais”. Foi o que afirmou, recentemente, o presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Yoshiro Mori, de 83 anos. Claro que o referido senhor já foi devidamente punido. Suas declarações machistas causaram uma enxurrada de críticas nas redes sociais cobrando sua renúncia. Dráuzio Varela, revela que há teorias que atribuem essa crença à existência de centros coordenadores da linguagem tanto no hemisfério cerebral esquerdo quanto no direito, nas mulheres, enquanto no homem as áreas da fala e da linguagem se acham restritas ao hemisfério esquerdo. Entretanto, estas variações anatômicas não justificam essa fama de tagarelas que há tempos recai sobre das mulheres.
Segundo ele, a afirmação de que a mulher usa cerca de 20 mil palavras por dia, enquanto o homem usa apenas 7 mil alastrou-se após a publicação do livro “O cérebro feminino” da neuropsiquiatra L. Brizendine. Desde então, esses números têm sido citados como se fossem verdades indiscutíveis. Na realidade, porém, nenhum estudo abordou essa questão sob a ótica do método científico, diz ele.
Esse artigo tem o condão de homenagear e aplaudir todas as mulheres, que na maioria das vezes são lembradas apenas no mês de março; de expressar minha indignação com a fala do ilustre, Yoshiro Mori e destruir essa ideia injusta, cruel e difamatória.
Sim, mulheres gostam de conversar. E os homens, não? Não há nada mais curador e relaxante do que um grupo de mulheres que falam do seu dia a dia, suas dificuldades, conquistas, dores, alegrias, doenças, dietas, filhos, netos, cachorros, enfim, sobre a vida em todos os seus nuances. Falam ao mesmo tempo, riem, dão gargalhadas e às vezes até choram. Tudo junto e misturado. Assim, elas conseguem aliviar um pouco a barra pesada que encaram, cada uma no seu momento, com suas dificuldades diárias, com seus corações apertados.
Não falam demais as mulheres quando estão exercendo sua profissão ou função, de forma competente, elogiável, pois tem que passar por dificuldades que muitos homens não encontram, tais como o equilíbrio entre atividades domésticas versus o emprego fora de casa, a diferença salarial e a falta de reconhecimento. Mesmo com desafios maiores, grande parte delas batalha diariamente para manter seus empregos ou negócios.
Não fala demais a mulher empreendedora que se joga no sonho de ter seu empreendimento, seja por oportunidade ou por necessidade. Ela luta como uma fera todos os dias para se qualificar e para se manter no mercado, formal ou informal, principalmente nestes tempos sombrios, de pandemia, em que estamos vivendo.
Não podemos permitir que a mulher seja vista dessa forma negativa. Mulheres são profissionais polivalentes e conseguem realizar suas múltiplas tarefas com excelência, no emprego, no negócio ou em casa e tomam decisões assertivas rapidamente, ainda que muitas outras coisas estejam acontecendo a seu redor.
O compromisso genuíno das mulheres com seus afazeres é incontestável. Elas conseguem cumprir prazos e cronogramas, tanto no ambiente profissional, como ao cuidar da casa. Haja o que houver ela entrega o relatório no prazo, busca o filho na escola e serve o jantar na hora certa. Encaram na boa serem chefes de família e até se anulam, mas dão conta do recado.
Enxergam nas crises grandes oportunidades de crescimento, não só para si, mas para todos os que com elas trabalham. As mulheres são quase a metade da força de trabalho no Brasil, vencendo a cada dia as barreiras que lhes foram impostas e atualmente são a maioria na conclusão de cursos superiores e mesmo assim ainda ganham menos que os homens, mas não desistem.
Sabem ouvir, entendem as necessidades individuais e suas decisões são tomadas de forma empática. Lidar com a pressão as tornam resilientes e capazes de aprender com seus próprios erros ou experiências negativas. Não fingem saber o que não sabem.
A crença de que mulheres falam demais não as pode impedir de serem reconhecidas, valorizadas, amadas e felizes. As mulheres precisam amar e serem amadas sem serem submissas. Devem saber que são muito amadas pelo Criador, que as fez, obra prima da criação. Precisam ser livres e fugir de relacionamentos tóxicos que minam sua autoestima.
Todos precisam cuidar da alma da mulher, pois estarão cuidando da beleza que circunda e adorna a nossa vida. A mulher, além de grande potencial no trabalho, é encanto e inspiração do belo em nosso cotidiano. A presença feminina, indispensável como força motriz do mundo, é vital para dar sentido, graça, e encantamento à vida.
Vivam as mulheres! Em março e em todos os outros meses, dias, anos, minutos e segundos. Vivam, sempre, as mulheres!