Entregue em novembro do ano passado, a Avenida João de Rezende contrasta com o bairro ao qual dá acesso. Enquanto a via é resultado de um investimento milionário, as casas do Vale das Parreiras foram erguidas, paradoxalmente, com muito custo e poucos recursos. Na maioria delas, os tijolos aparentes nunca foram rebocados e há aquelas onde uma cerca de madeira é o que delimita os quintais. A precariedade das construções é somente um dos retratos da exclusão social que permeia a zona norte de Presidente Prudente. Neste cenário, cenas domésticas e cotidianas transcorrem avulsas aos problemas socioeconômicos. Em uma das 16 quadras que compõem o bairro, o auxiliar geral Celso Martins, 49 anos, realiza sem pressa a capinagem de um terreno. Ele está satisfeito com a enxada afiada, que, sem demandar muito esforço, elimina com eficácia o mato e as ervas daninhas.
A alguns metros dali, a passadeira de roupas, Vera Aparecida Brexó Rodrigues, 51 anos, observa a tarde do alto de sua varanda. O dia já avança e a neta pequena ainda não pegou no sono. Com as mãos agarradas ao gradil do portão, a pequena mantém os olhos voltados para a rua. Não tarda muito para a advertência da avó: “Não é hora de ir para a casa dos outros”. A origem de Vera está ali: ela nasceu e envelheceu no Vale das Parreiras; o enraizamento foi inevitável. Há creche, escola e postos de saúde próximos, o que faz falta mesmo é um mercadinho. Na ausência dele, a dona de casa recorre a algum barzinho quando precisa com urgência de determinado produto.
A baixa concorrência é um ponto positivo para o comerciante Moacir Navarro Sanches, 65 anos, conhecido popularmente como Branco, que saiu do Parque Alvorada para começar um novo negócio no bairro. Ele afirma que, em termos de segurança, a população vive tempos de bonança em relação ao passado. “Aqui parecia uma cidade de filmes de faroeste, mas cresceu e se tornou um bairro bastante familiar e tranquilo. Não se vê mais ladrão”, comenta. A dona de casa Élida Tomazin, 38 anos, por sua vez, não tem o que reclamar. Ela elogia a recém-inaugurada avenida, que extirpou os antigos problemas relacionados ao mato alto, e destaca a boa vizinhança. “Todo mundo é bastante amigável”, pontua.
João de Rezende
De acordo com a Secom (Secretaria Municipal de Comunicação), a via entregue aos moradores faz parte do projeto de Mobilidade Urbana, que resultou na ligação entre a Avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira e a Rua Alvino Gomes Teixeira, na região norte. O corredor possui 750 metros de pavimentação asfáltica, dois metros de canteiro central e calçadas de 2,5 metros com piso tátil e iluminação. Orçada em R$ 1,7 milhão, a obra beneficia quem trafega pela região dos bairros Vale das Parreiras, Guanabara, São Francisco, Vila Operária e adjacências.
Estrutura do bairro
Ano de implantação: 1977
Área de loteamento: 67.562 m²
Área verde: 10.000 m²
Quadras: 16
Construções: 187
Terrenos baldios: 19
População estimada: cerca de 750 habitantes
Fonte: Secom
SERVIÇO
A população pode promover suas reclamações, críticas e elogios sobre o bairro em que reside. O contato deve ser feito com os profissionais da Pauta, por meio do [email protected], do telefone 2104-3732 ou do Whatsapp 99104-8537.