Desde que a pandemia do novo coronavírus se espalhou pelo mundo, autoridades de saúde têm se mobilizado pelos quatro cantos do planeta, em busca de produzir um medicamento que controle a Covid-19. E na manhã de ontem, uma informação mobilizou as redes sociais, até mais do que outros rumores: a vacina experimental feita em parceria entre a Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca se mostrou segura e produziu resposta imune em voluntários saudáveis que participaram de ensaios clínicos iniciais, segundo artigo publicado na revista médica inglesa Lancet. Mas isso significa que já há uma breve esperança?
Antes e para contextualizar melhor, conforme publicado pela “Folhapress”, a vacina não causou efeitos adversos graves e provocou respostas imunes de anticorpos e das células T, outras células de defesa do corpo humano. Ela é uma das mais avançadas entre as candidatas na corrida pela imunização contra o Sars-CoV-2, e já está em fase 3 de testes, a última etapa antes da comercialização.
Dito isso, volta-se à pergunta: é uma esperança breve para todos? O infectologista de Presidente Prudente, André Luiz Pirajá da Silva, analisa que ainda é muito cedo para termos uma esperança mais forte, pois ainda existem vários estágios a serem seguidos, no que tange à produção da vacina, para que possamos chegar à sua eficácia.
AINDA É MUITO CEDO PARA TERMOS UMA ESPERANÇA MAIS FORTE, POIS AINDA EXISTEM VÁRIOS ESTÁGIOS A SEREM SEGUIDOS, NO QUE TANGE À PRODUÇÃO DA VACINA
André Luiz Pirajá da Silva
“O que vem a ser a eficácia? A sua qualidade, a sua resposta, tem que ser boa na população”, completa. E para isso ocorrer, o especialista pontua que a vacina tem uma eficácia potencial quando sua qualidade é de 80% ou mais, ou seja, “a cada 10 pessoas imunizadas, oito não vão contrair a doença ou vão desenvolvê-la de forma mais branda”.
Mas, para Pirajá, respeitando todos os estágios da vacina, essa que está sendo produzida pela Universidade de Oxford é, sim, a principal esperança que temos hoje, e talvez a mais rápida. Mas “lógico, com isso, nada deve ser esquecido daquilo que nós aprendemos: o isolamento social, o uso de máscara, a higienização das mãos e o cuidado de não levar as mãos à boca e às narinas”, reforça.
Os resultados divulgados ontem da vacina de Oxford se referem à fase 1/2, que em geral tem como objetivo analisar a segurança de uma droga ou vacina, e foi realizada entre 23 de abril e 21 de maio com 1.077 voluntários saudáveis entre 18 e 55 anos do Reino Unido, ainda de acordo com a “Folhapress”. “A imunização de Oxford usa um vírus para levar material genético do coronavírus para dentro das células. Trata-se do adenovírus ChAdOx1, que causa gripe comum em chimpanzés, mas foi geneticamente modificado e enfraquecido”, frisa.
A ideia é expor o organismo humano à proteína S (de “spike” ou espícula, o gancho molecular usado pelo Sars-CoV-2 para se conectar às células humanas). Assim, quando a pessoa entrar em contato com o vírus real, seu corpo já terá montado um sistema de defesa contra ele.
Os participantes foram distribuídos em quatro grupos e acompanhados por 28 dias após a vacinação para que a segurança da vacina fosse avaliada.
Além disso, chegaram na madrugada de ontem as doses da vacina Coronavac, produzida em parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac, para a realização da terceira fase de ensaios clínicos para desenvolvimento da vacina contra o coronavírus. A carga desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) e será levada à sede do instituto para ser verificada e distribuída aos 12 centros de pesquisa responsáveis pelo recrutamento, aplicação e acompanhamento dos voluntários.
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