Universitária analisa força de movimentos populares

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 13/12/2016
Horário 09:45


"É preciso que os manifestos sociais perseverem. Não há prejuízos. É uma massa sem nome em busca da mudança", expõe a graduada em Direito pela Toledo Prudente Centro Universitário, Fernanda de Paula Oliveira, que recentemente concluiu sua monografia sobre manifestações populares e o seu poderio de proporcionar progressos sociais, políticos e jurídicos na sociedade brasileira, trabalho conceituado com nota máxima pela banca avaliadora. De acordo com a jovem, o projeto surgiu da vontade de demonstrar a consolidação dos atos populares desde os primórdios. Para isso, ela precisou mergulhar nos livros e passear por diversos momentos da história, que vão desde a Grécia e Roma antigas, passando pelos constitucionalismos estadunidense e francês, até a república brasileira.

Jornal O Imparcial Fernanda Oliveira: "Redes sociais são ferramentas aliadas"

Neste último campo, a estudante explorou as greves operárias de 1917, a criação da Legislação Trabalhista e o direito de greve; a Passeata dos Cem Mil – manifestação popular contra a Ditadura Militar organizada pelo movimento estudantil na cidade do Rio de Janeiro – e a ceifa da democracia; as Diretas Já – ato que reivindicava eleições presidenciais diretas no país – e a redemocratização do Brasil com a Constituição Cidadã; o movimento caras-pintadas – que pedia o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello – e, consequentemente, a destituição; o ato "Vem pra Rua", motivado inicialmente pelo aumento das tarifas do transporte público; e, por fim, as manifestações de 2015 e 2016, que antecederam o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Fernanda conta que teve a felicidade de estudar o tema em um momento propício e sentiu dificuldade para colocar a sua pesquisa no mesmo pé em que se encontrava a série de manifestos contra o governo de Dilma, tamanha era a quantidade de informações geradas. "Mesmo se eu tivesse demorado mais um pouco para escrever a análise, o assunto ainda estaria atual", considera. A estudante enfatiza que a crescente onda de atos populares é, em parte, justificada pela expansão das redes sociais, que permitiram a propagação rápida das informações. "Nos manifestos de 2013, por exemplo, a explosão aconteceu justamente nas redes. Em questão de dias, um simples ato se tornou uma manifestação nacional. A rede se tornou, portanto, uma ferramenta aliada, visto que a internet continua sendo ‘terra de ninguém’, onde os usuários sentem que as informações não são suprimidas", pondera.

Embora reconheça o poder de comunicação das redes sociais, Fernanda acredita que ainda falta maior engajamento da população para conhecer o contexto político em que está inserida. "É preciso que o povo brasileiro se imponha e tome o poder que tem. A corrupção existe porque não tem quem cobre e fiscalize. As últimas manifestações só começaram porque a situação econômica acabou pesando no bolso", avalia. A jovem defende o direito de manifesto como a forma mais eficaz, simples e comum de alcançar a mudança, sem a necessidade de burocracia para funcionar. "É possível mudar tudo o que precisa ser mudado. Sendo assim, basta tomar partido e ir à luta. Não precisamos esperar que um herói nacional surja – o poder está conosco", pontua.

 
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