Uma cadeirada atrás da outra

Roberto Mancuzo

CRÔNICA - Roberto Mancuzo

Data 17/09/2024
Horário 06:00

Dizer que quem recebeu a cadeirada maior no episódio deprimente entre José Luiz Datena e Pablo Marçal fomos todos nós, eleitores, soa como clichê, mas é verdade. 
Dizer também que tudo isso tem como pano de fundo a Economia da Atenção que impera nas redes sociais também é, mas agora com um agravante: fosse um país sério, estaríamos hoje mesmo sentados para rever toda nossa legislação sobre as campanhas eleitorais, que vamos ser sinceros, se tornaram um circo de horrores, sacanagens de toda ordem e mentiras.
Fossem sérias também, as emissoras e canais que organizam os debates teriam regras simples, claras e diretas quanto a ataques infundados, mentiras e golpes covardes de toda sorte. 
Mas não. 
Depois de protagonizar uma da cenas mais toscas dos últimos anos durante debate entre candidatos a prefeito de São Paulo na TV Cultura, Datena, Pablo Marçal e suas assessorias passaram logo a produzir cortes para seus perfis e até a lucrar com isso. 
A imprensa brasileira, que ganhou uma boa manchete para o começo da semana, explorou cada gota de sensacionalismo do episódio; a Justiça Eleitoral vai analisar e talvez daqui cinco anos dê alguma punição; o brasileiro médio da 5ª série e os desiludidos se divertiram o dia todo com os memes gerados, inundando os grupos de zap-zap com toda sorte de bobagens e nós, que ainda sonhamos com uma democracia séria e para o povo de fato, tivemos apenas que nos contentar com a frase do Leão Serva: “Vamos para nossos comerciais”. 
Datena e Marçal foram apenas os dois bobos da 5ª série da vez, que arrancaram risadas da plateia insensata. Mas ao mesmo tempo reúnem o puro suco da política brasileira atual, desconectada da realidade e pronta para nos chocar diariamente. 
Qual será a próxima cadeirada que iremos levas nas costas?

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