Um mundo perigoso

OPINIÃO - Nelson Bugalho

Data 11/09/2024
Horário 04:30

O Brasil enfrenta a seca mais duradoura, intensa e possivelmente de maior proporção da sua história, afetando todo o país, causando prejuízos e sofrimento para muita gente. Mas nem todos sofrem do mesmo jeito. Na região Norte os rios estão secando e isolando cidades, o Pantanal está em risco e incêndios tomaram conta do país.
No hemisfério sul, as consequências das mudanças do clima são mais graves, e essa conversa de que somos todos passageiros da Nave Terra e que compartilhamos um destino comum é só em parte verdade. É que um bocado de passageiros dessa nave viaja na primeira classe, em luxuosas cabines, um outro tanto na classe executiva, igualmente confortável, e a maioria viaja mesmo é na terceira classe, apertada, sem serviço de bordo e em bancos duros, expostos às intempéries e sem botes salva-vidas.
A queima de combustíveis fósseis incrementou as mudanças climáticas e abalou o sistema terrestre de sua faixa normal de funcionamento. O aquecimento global e a desorganização do clima são resultados disso.
Nos últimos 11.700 anos, a temperatura média anual no mundo não variou mais que um grau Celsius para cima ou para baixo, e essa “pequena” variação acarretou secas, escassez de alimentos, ondas de calor e de frio e tempestades intensas. Esses eventos climáticos extremos causaram a morte de milhões de pessoas e arruinaram a economia de muitas regiões.
Estudos mais recentes revelaram que as mudanças físicas no sistema terrestre mostraram um crescimento gradual a partir do início da Revolução Industrial e um aumento brusco a partir dos anos de 1950, ou seja, após a 2ª Guerra Mundial, um período designado como a Grande Aceleração.
Na Conferência do Clima de 2015, foi definido que um aumento na temperatura média global até 2100 de até 2°C seria aceitável, mas seria preferível se o aumento não ultrapassasse um 1,5°C. Mas, segundo a Organização Meteorológica Mundial, já estamos atingindo o limite preferível 80 anos antes.
Já era para termos aprendido criar sem destruir, mas a civilização continua avançando desmedidamente sobre os recursos naturais para produzir cada vez mais, e isso poluiu nossos rios, jogou gases na atmosfera que estão alterando o clima, os oceanos estão morrendo, espécies estão desaparecendo e a água está acabando.
Vivemos num momento de emergência planetária, e o objetivo comum deveria ser a construção de uma civilização ecológica e não gastar bilhões para construir naves para povoar outros planetas.
 

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