Para quem viveu o último verão prudentino, reclamar do calor intenso tornou-se uma rotina durante alguns dias ou até semanas. A percepção física pôde garantir o cenário, mas os números também. A sinopse climática divulgada pela Estação Meteorológica da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista) mostra que o primeiro trimestre de 2019 foi marcado por um tempo mais seco e quente. Para ter uma ideia, a precipitação média do período foi de 452,2 mm (milímetros), número inferior ao valor histórico (517 mm), que compreende o período de 1969 a 2015. São 64,8 mm a menos.
Dos 90 dias, 37 deles foram com chuvas na cidade, que diminuiu a quantidade gradativamente a cada mês, assim como de costume, naturalmente falando. Isolada e respectivamente, o estudo mostra que nos meses de janeiro, fevereiro e março teve 200,8 mm, 154,6 mm e 96,8 mm de precipitação. “Choveram poucos dias, o que contribuiu, naturalmente, para um clima mais seco e mais quente. Historicamente falando, foi um período com menos formação de nuvens, ou seja, mais ensolarado”, analisa o meteorologista e responsável pela pesquisa, José Tadeu Garcia Tommaselli.
A diminuição de milímetros afeta a temperatura, ao passo que ela impulsiona num clima mais seco. O estudo mostra que, na média, a temperatura do trimestre desse ano ficou em 1,1ºC a mais que a série histórica, fechada em 25,2ºC. No entanto, ele lembra que, na verdade, a análise das temperaturas mínimas é que podem fomentar a mudança.
Desta forma, só no último mês - por exemplo -, a temperatura praticamente dobrou. No período 1969-2015 foi registrado no município a mínima de 9ºC, enquanto em 2019 ficou em 18,3ºC. “Principalmente à noite nós conseguimos perceber as temperaturas mais elevadas, com um calor maior que demais dias ao longo do ano”, completa.
Questionado sobre o que impulsiona essa situação, o meteorologista argumenta que o estudo não consegue verificar as causas exatas, contudo, “uma vez que as temperaturas são maiores no ambiente urbano. Onde o homem vive”, não pode se destacar que o mesmo tenha influencia para o cenário.
Umidade do ar
A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda que a umidade relativa do ar deva estar acima de 60%, a fim de que não impulsione um mal-estar físico, além das doenças respiratórias que o tempo seco traz. A título de curiosidade, na média mínima de cada mês do trimestre, o único indicador que ficou abaixo do recomendado foi o de fevereiro, com 56%. Em janeiro, o número chegou a 67% e em março 69%, ainda como relatado no estudo.
Sinopse climática
Período |
Temperatura |
Precipitação |
Umidade relativa (%) |
|||||
Máxima |
Média |
Mínima |
Milímetros (mm) |
Dias com chuva |
Máxima |
Média |
Mínima |
|
Janeiro |
36,8 |
27,5 |
19,7 |
200,8 |
13 |
100 |
65 |
67 |
Fevereiro |
36,8 |
26,1 |
19,5 |
154,6 |
12 |
100 |
68 |
56 |
Março |
33,1 |
25,3 |
18,3 |
96,8 |
12 |
100 |
68 |
69 |
Total/Média |
35,5 |
26,3 |
19,1 |
452,2 |
37 |
100 |
67 |
64 |
Fonte: Estação Meteorológica da FCT/Unesp