Querido leitor, volto a essa página após nove anos. No período em que participei de 2013 a 2015, tive oportunidade de escrever sobre diversos assuntos e estabelecer contato com muitos leitores, através de palavras que, de alguma forma, ajudaram a melhorar o dia a dia deles. Assim, nesse retorno, espero poder contribuir com boas sugestões e reflexões a cerca dos assuntos que abordarei.
Para quem não me conhece sou pedagoga, escritora e coach educacional e estou na educação há 34 anos e cada vez mais me sinto comprometida com o bem estar da criança, principalmente as crianças bem pequenas, com as quais trabalho diretamente. Sendo assim, nesses anos de trabalho, vi surgirem muitos transtornos e um que muito me preocupa e pouco conhecido é o Transtorno de Déficit de Natureza. Já ouviu falar? Não? O Transtorno de Déficit de Natureza (TDN) está diretamente relacionado com a presença da natureza na vida da criança, pois a falta de contato com ela impacta diretamente no seu bem estar físico, emocional, social e acadêmico. Isso mesmo, acadêmico!
Por isso, a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) trabalha com o eixo Natureza e Sociedade com o intuito de promover o letramento científico, para que os alunos compreendam e interpretem o mundo natural e possam transformá-lo.
O termo Transtorno de Déficit de Natureza foi introduzido na literatura, pelo escritor e jornalista americano, Richard Louv no seu livro “Last Child in the Woods: Saving Our Children From Nature-Deficit Disorder”, que investiga a relação das crianças e o mundo natural em contextos atuais e históricos. É importante ressaltar que o Transtorno de Déficit de Natureza não é um diagnóstico médico, mas sim um termo linguístico considerado por seu criador como uma doença da sociedade. Essa obra catalisou um grande movimento nos Estados Unidos, que rapidamente alcançou outros países com duas ideias fundamentais: A criança na natureza é uma espécie em extinção. A saúde da criança e a saúde do planeta são inseparáveis.
Por se transformar em uma preocupação mundial, a presença da natureza na vida da criança é encarada pela escola logo na primeira infância como algo essencial, pois a falta dela influencia em dificuldades de atenção, obesidade e deficiência de vitamina D. A BNCC propõe atividades que modificam a rotina de sala de aula das crianças a fim de que realizem experiências que possam contribuir com seu bem estar e o futuro do planeta. Mesmo assim, muitos professores ainda não se sentem confortáveis em construir espaços estéticos intencionais orientados pela BNCC e o que muito limita os professores é trabalhar, muitas das vezes sozinho, com grandes grupos, porém estratégias existem que, possibilitam uma observação e trabalho eficazes.
Professor é preciso incentivar o desenvolvimento infantil de forma prática, pois esses materiais vão causar um efeito extraordinário na criança, que se sentirá participativa, acolhida, pertencente ao ambiente natural do nosso planeta, possibilitando melhoras inclusive em crianças com TDAH e autismo. Com certeza essa prática levará você a uma melhor observação do real desenvolvimento de seu aluno podendo trabalhar com mais eficácia as suas dificuldades.