Transformando a dor em amor: o mundo precisa de outras Raquéis

EDITORIAL -

Data 18/08/2021
Horário 04:15

Que a Covid-19 já causou e continua causando muita dor e sofrimento, não restam dúvidas. Desde quando começou a pandemia, já foram mais de meio milhão de vidas perdidas, somente no Brasil. Tantas crianças que ficaram órfãs. Pais que perderam filhos. Avós que se foram quando menos se esperava. Tios, amigos, colegas de trabalho, primos que precisaram ser hospitalizados e não voltaram mais para casa. Ou que até retornaram, mas carregam, após várias semanas ou meses, as sequelas do novo coronavírus.
E é pensando justamente nestas pessoas, que a cirurgiã-dentista, de Presidente Prudente, Raquel Trevisi - que lutou bravamente contra a doença no ano passado, ficando 30 dias internada, 20 deles na UTI, com 85% dos pulmões comprometidos -, criou o Projeto Com.Vida. Um trabalho voluntário para ajudar pessoas de todo o Brasil que, assim como ela, também tiveram complicações graves da Covid, cuidando e acolhendo-os psicologicamente e fisicamente para a retomada da vida. 
Além da participação de dezenas de voluntários, entre eles, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros, cirurgiões-dentistas, fonoaudiólogos, educadores físicos, psicólogos, acolhimento e terapias integrativas, o projeto também recebe doações para compra de medicamentos, suplementações, cestas básicas e alguns custos necessários na assistência de determinados pacientes. Todas as informações da ação, bem como o pré-cadastro para atendimento e também doações, estão na página linktr.ee/projeto.com.vida.
Raquel é um exemplo a ser seguido. Ainda durante sua reabilitação, perdeu o pai, o ortodontista Hugo José Ttrevisi, para a doença. Poderia ter se revoltado, ter desanimado, mas, apesar de todo sofrimento, passou a amparar também aqueles que passam pelas perdas. Seu projeto já foi notícia em todo o país. E cresce a cada dia. 
A última novidade, noticiada em O Imparcial na edição de ontem, é o livro que ela está escrevendo, “O voo alto da Fênix”, onde contará sua experiência com a Covid-19. Relatos do que ela viveu na UTI, bem como os medos, traumas, a luta para sobreviver... Mesmo curada da doença, Raquel – que sempre teve uma vida de atleta - se viu diante da necessidade de uma equipe multidisciplinar para reaprender a andar, fazer tarefas básicas como se virar na cama, comer, ir ao banheiro, ficar sentada. Tudo isso será lembrado na obra, que ela pretende lançar em 3 de outubro.
Sem dúvidas, Raquel inspira muita gente. Sua história de luta e superação faz a gente enxergar tanta coisa e dar valor em muitas outras. Revela o quão frágil e bela é a vida ao mesmo tempo. Exalta o poder da fé. Suas atitudes nos mostram como é bonito “ser humano”, se preocupar e fazer algo pelo próximo. Levar esperança, acolher e ajudar nesse processo de renascer... O mundo precisa de muitas outras Raquéis!
 

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