A transferência de padres das paróquias é um tema complexo, pois envolve pessoas e instituição. Misturam-se sentimentos do padre e dos paroquianos. Há um misto de alegria e saudade. Levantam-se dúvidas e, uma vez que toda mudança gera insegurança, aparecem medos. Costuma-se dizer que toda mudança é oportunidade de crescimento – no caso, seja para o padre, seja para a comunidade paroquial. Chega o momento que para a plantinha crescer, precisará de um vaso novo (talvez maior). Quem não se desafia ou é desafiado também não cresce. Nessas transferências têm ainda a questão das necessidades e dos projetos da Igreja diocesana.
O Código de Direito Canônico determina que “se o bem das almas ou a necessidade ou utilidade da Igreja já exigirem que o pároco seja transferido de sua paróquia, que dirige com eficiência, para outra paróquia ou outro ofício, o bispo proponha-lhe a transferência por escrito e o aconselhe a consentir, por amor a Deus e das almas” (Cânon 1748). Segundo a Lei da Igreja, as transferências podem ser voluntárias ou por obediência, isto é, com o consentimento do sacerdote ou pelo voto de obediência ao bispo diocesano e aos seus sucessores, juramento feito durante o ato de sua ordenação (e renovado na posse canônica da paróquia). Um sim dado um dia, somente se mantém como sim, se for reafirmado frequentemente.
O bispo diocesano de Presidente Prudente, dom Benedito Gonçalves dos Santos, após ouvir os membros do Conselho de Presbíteros, comunicou no dia 2 de março passado a transferência de 13 padres, envolvendo 11 paróquias. Desde o anúncio, muitas emoções afloraram. Os fiéis se manifestaram como puderam e quiseram, seja por oração, seja por publicação em rede social, seja por reunião com padres e o próprio bispo. Tudo dentro do limite permitido e aceitável. Mas há resistências, sim, ora do padre, ora da comunidade.
Quanto se ouve o povo dizer: “em time que está ganhando não se mexe”, “logo agora que nossa paróquia está cheia”, “o povo se acostumou ao padre”, “não sei porque precisa mudar padre de paróquia”, “não concordo com essas mudanças”, “e aquele outro que nunca muda” etc. Essas manifestações, quando saudáveis e respeitosas, por vezes, expressam o carinho do povo com o padre (pároco, administrador ou vigário). No fundo, as transferências de padres são uma espécie de mudança de família. Dói. Mas vê-se também nessas horas a maturidade das pessoas (padres, fiéis, comunidades). Será que elas sentem junto com a igreja, envolvidas no conjunto (numa visão global da diocese) ou apenas no seu próprio cercadinho?
Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!