Em uma tarde de quinta-feira que ficará marcada por uma tragédia familiar em Mirante do Paranapanema, um rapaz de 30 anos foi morto pelo próprio pai, um delegado aposentado de 58 anos, durante o feriado de Corpus Christi. Segundo a Polícia Civil, o pai agiu em legítima defesa diante de um surto psicótico do filho, que possuía esquizofrenia. A ocorrência resultou em uma situação de extrema tensão na residência da família, onde moram a mãe e mais três filhos adultos.
De acordo com relatos do delegado responsável pela investigação, Zanatta Riveira Holsback, o surto do filho começou com um ato de violência, em que o rapaz deu um murro em uma janela da residência. A família, alertada pelo barulho, imediatamente percebeu a gravidade da situação. O pai, ao verificar o ferimento do rapaz, prestou atendimento preliminar, envolvendo a mão do filho com um pano, com a intenção de levá-lo à Santa Casa de Mirante para receber cuidados médicos.
“Após isso, o pai entrou na residência e foi em direção ao quarto para pegar a chave da camionete. Nesse meio tempo, ele escutou o menino [sic], que estava em surto. Só estavam os dois dentro da casa”, descreve Zannata ao relatar a sequência do ocorrido.
Após adentrar a residência, de acordo com o delegado, o pai escutou ruídos do filho, que ainda estava em surto, mexendo em uma gaveta de facas. Diante do susto e temendo pela própria segurança, o homem de 58 anos pegou uma arma de fogo que possuía, segurando-a atrás das costas, e começou a se mover lentamente para verificar a situação. “Nisso, ele foi surpreendido pelo filho dentro do corredor, indo em direção para o quarto”, detalha o delegado que investiga o caso.
Nesse momento de instinto e desespero, indica Zanatta, o pai puxou a arma e disparou um único tiro que atingiu a região do rosto do rapaz. O delegado esclarece que não houve uma mira intencional por parte do pai, mas sim uma ação instintiva ocorrida em uma fração de segundo. ”O filho ficou a menos de dois metros do pai, já em cima com a faca. O pai instintivamente puxou a arma, apontou e disparou. Ele não chegou a mirar. Então, instintivamente ele puxou a arma e efetuou um disparo que atingiu a região da face [do filho]”, relata Zanatta ao ressaltar que o intuito do pai não era causar um dano tão grave, mas sim neutralizar a ameaça iminente que o filho representava, considerando a sua condição psicótica e o perigo que a faca representava no momento.
O rapaz foi levado para a Santa Casa de Mirante, no entanto, não resistiu ao ferimento na face e foi a óbito.
A pistola, a munição deflagrada e a faca foram apreendidas pela Polícia Civil. A trágica e complexa ocorrência está sendo investigado pela corporação.