É estarrecedor que em pleno século 21 ainda tenhamos que noticiar casos envolvendo situações análogas ao trabalho escravo. No ano passado, este diário trouxe três reportagens denunciando tal realidade lastimável, que vai contra tudo o que se espera de um ser humano, que é amor, ajuda, solidariedade, empatia. É de sangrar o coração chegar à conclusão que o que leva uma pessoa a submeter outra a condições de vida degradantes seja somente a ganância. É o lado mais perverso do ser humano.
Esses casos vieram novamente à tona, visto que ontem, dia 28 de janeiro, foi lembrado o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. E o que mais causa tristeza é saber que ainda tenhamos que dedicar um dia para conscientizar as pessoas sobre esta, que, infelizmente, é uma realidade ainda tão presente nos quatro cantos deste Brasil.
Como noticiado com destaque por este diário, o MPT (Ministério Público do Trabalho) recebeu, em 2022, cinco denúncias de trabalho análogo à escravidão na região de Presidente Prudente. O número foi maior do que em 2021, quando o órgão contabilizou três. No ano passado, três das cinco denúncias resultaram em resgate de 25 trabalhadores. As demais foram investigadas, mas a fiscalização não encontrou elementos para configurar o trabalho escravo.
Essas pessoas chegam para trabalhar com falsas promessas, cheias de esperança no coração, ansiosas por uma vida melhor para elas e seus familiares. Não podemos jamais compactuar com quem pratica tal perversidade, explorando estes trabalhadores, os deixando em situações degradantes, sem um local digno para se alimentar, descansar, dividindo colchões com outras pessoas, em ambientes insalubres, trabalhando sem equipamentos de proteção, expondo suas vidas a riscos ao manusear ferramentas perigosas, sem o mínimo de preparo.
O ser humano ainda tem muito a evoluir para conseguir colocar em prática o principal ensinamento de Jesus: “ame ao próximo como a si mesmo”. Somente assim conseguiremos deixar a escravidão nas páginas da história que mais envergonham a humanidade.