Pular sete ondas, usar branco, comer lentilha, guardar sementes de romã na carteira. Esses atos são comuns na noite de Réveillon, durante a hora da virada. Seja para trazer sorte, paz, ou até mesmo um dinheiro a mais no bolso, muitos mantém rituais para entrar no novo ano.
“Eu não como frango no Ano-Novo, porque é um animal que cisca para trás, e isso não traz sorte”, explica a bibliotecária aposentada Berenice de Jesus Mendes, 60 anos. Os hábitos alimentares dela para a virada de ano também incluem comer lentilhas e uma romã, além de guardar as sementes da fruta na carteira para atrair aquele dinheiro extra. “Antes da virada, eu tomo um banho especial, com ervas como alecrim, manjericão e canela, para atrair prosperidade, além de uma oração para que o ano que se inicia seja bom para mim e para todos, porque não adianta ele ser bom só para mim”. A aposentada comenta que não se lembra quando começou efetivamente a seguir essas tradições, mas as mantém mesmo com tristezas ocorrendo na família. “Eu acredito que isso dá muito certo, mesmo que as coisas vão mal, você ainda tem esperança com isso”, completa.
O diretor de Marketing, Gustavo William Silva, 41 anos, tem uma superstição diferente. “No Ano-Novo eu procura festejar, ouvir musica e tudo mais. Porém em relação à virada para que eu possa ter um ano excelente, eu costumo evitar certos números como o ‘13’, ‘66’, até mesmo não fico em locais com esses numerais”. Gustavo acrescenta que há dois anos começou a perceber a simbologia dos números, e que ter esse ritual tem dado resultados positivos no dia-a-dia. “Toda cor, número e símbolo tem pensamentos por trás, e se tem isso, tem energias envolvidas, o que pode mudar a nossa energia”, completa.
UM PONTO DE VISTA PSICOLÓGICO
“Nós somos seres que desejam e desejo nos move”, explica a psicóloga Norma Cecília Franzini, que ainda pontua, “O novo gera mudança, dor, prazer, porque vamos nos desvencilhar do velho para que o novo possa chegar. Seja com crenças, valores e espiritualidade, o importante é pensar como podemos ser melhores para nós mesmos, enquanto pessoa, família e sociedade”, completa.
A psicóloga Ieda Benedetti explica que esses rituais são uma tentativa de motivar e reestruturar a esperança de cada individuo. “A esperança é o sentimento fundamental que motiva as ações da vida cotidiana”, explica.
Ela ainda acrescenta que os rituais, superstições e crenças são importantes, pois, as pessoas desconfiam da vida, e não tem confiança em vínculos, sem ter a certeza de que conseguiram realizar suas metas por conta própria. “Elas precisam organizar rituais para dar a sensação de que elas têm algum controle sobre a vida, sobre o que irá acontecer, porém nós não temos isso”.
“O futuro nós modificamos nos aprimorando, evoluindo, mas os rituais estão aí para elevar a esperança nas pessoas”, finaliza a especialista.
