Iniciado na capital paulista, em 2016, mas testado e lançado oficialmente em um projeto piloto, em 2019, em Presidente Bernardes, o programa Lego Braille Bricks, uma versão inclusiva dos famosos blocos de montar para crianças com deficiência visual, soma atualmente 8 mil educadores capacitados em todo o país. Na metodologia, desenvolvida pela Fundação Dorina Nowill para Cegos, em parceria com a Lego Foundation e Grupo Lego, os pinos das pecinhas representam o alfabeto braille. Abraçado pela empresa dinamarquesa fabricante dos brinquedos, o projeto possibilitou que a poderosa ferramenta para a alfabetização e lazer de crianças cegas chegasse hoje a 50 países pelo mundo.
O programa foi tema nesta quinta-feira de três oficinas no VIII Seia (Simpósio de Educação Inclusiva e Adaptações), VI Siead (Simpósio Internacional de Educação a Distância) e I Seminário Internacional do Profei (Mestrado Profissional em Educação Inclusiva em Rede Nacional), eventos promovidos concomitantemente pelo CPIDES (Centro de Promoção para a Inclusão Digital, Escolar e Social), na FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista), de Presidente Prudente.
Foto: Mellina Dominato
Programa foi tema nesta quinta-feira de três oficinas em simpósios na FCT/Unesp
Com os temas “Conhecendo o sistema braille com Lego Braille Bricks: ludicidade e inclusão”, “Lego Braille Brick e Soroban: ferramentas inclusivas no ensino da matemática” e “Práticas inclusivas na educação básica: educação lúdica com o Lego Braille Bricks”, as atividades capacitaram educadores da rede pública de Prudente e outras cidades ao entorno, conforme explica a coordenadora geral do programa, Ika Fleury.
“Nós temos uma questão que nem todos os professores formados tiveram na universidade, na faculdade, conhecimento do sistema braille e atuação com crianças com deficiência visual. Então, promovemos um curso que engloba educação inclusiva e diversas temáticas, para que esse aluno realmente tenha uma inclusão plena”, relata Ika.
Regina Fátima Caldeira de Oliveira, assessora institucional braille da fundação, entende bem do assunto, já que é deficiente visual. “Para nós é muito importante estar aqui, para tratar de um projeto que é muito importante na alfabetização de crianças com deficiência visual, que nascem cegas ou que ficam cegas na primeira infância. Ele permite que as crianças possam ser alfabetizadas, crianças cegas, alfabetizadas junto das crianças que enxergam”, exalta. “Estar com esse projeto dentro de uma universidade, para a gente faz toda a diferença, porque aqui estão todos os professores, todos aqueles que vão levar a educação para todas as crianças e vão tornar essa educação inclusiva, de fato”, complementa.
Foto: Mellina Dominato
Regina Fátima Caldeira de Oliveira, assessora institucional braille da fundação
Da mesma opinião compartilha a especialista em deficiência visual, Maria Cristina Godoy Cruz Felippe, que trabalha nessa área há mais de 50 anos, na fundação. “Esse projeto foi uma inovação na questão da alfabetização da criança cega, uma ferramenta pedagógica que realmente trabalha com a criança cega e a que enxerga, em um mesmo momento, com um mesmo brinquedo, e sendo alfabetizada ao mesmo tempo, com o mesmo material. Então, isso é inclusão. Não é um material especial para um e diferente para o outro”, considera.
Foto: Mellina Dominato
Especialista em deficiência visual, Maria Cristina Godoy Cruz Felippe
Reciclagem
Ana Mayra Samuel da Silva Resende participou do projeto piloto, lá em 2019, quando morava em Presidente Bernardes, e conta que, nesta quinta-feira, os educadores que estrearam o programa também estiveram entre os presentes nas oficinas. “Atualmente, eu estou na coordenação de tutores da 11ª edição do curso de formação, e temos aqui o pessoal de Presidente Bernardes, para uma reciclagem, uma reformulação dos conceitos, tendo a oportunidade de fazer uma aula do Lego Braille Bricks novamente. O curso foi completamente reformulado, com novos conceitos, novas brincadeiras, práticas pedagógicas que estão avançando a cada edição”, revela.
Foto: Mellina Dominato
Ana Mayra Samuel da Silva Resende participou do projeto piloto, lá em 2019
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