Tenham filhos e não fiquem em um só. Queiram vários, quantos puderem... Deixem a casa cheia, tragam essência à vida... Não se prendam aos bens materiais para escolher o número da prole. Os tempos eram outros, mas quantos tiveram nossos avós e bisavós? Talvez não precisemos chegar àquela quantia, mas podemos nos amparar nesta referência para refletir sobre o porquê os lugares na mesa de jantar estão cada vez mais vazios...
Hoje, com dois pequenos em casa, se eu pudesse recomendar aos indecisos acerca da paternidade, eu diria: tenham filhos! Sejam biológicos ou adotivos. Eles trazem sentido à nossa existência, nos tiram os olhos do umbigo, nos livram do egoísmo, do excesso de orgulho e ainda são como máquinas purificadoras: limpam toda e qualquer impureza que absorvemos num dia desgastante de trabalho, na relação humana, na vida em sociedade...
Eles não vêm com manuais de instrução, são diferentes uns dos outros, mas normalmente trazem na programação de fábrica algo em comum: a capacidade de cura do espírito. Nos soltam o riso, as amarras da tensão corporal e emocional, abrem as portas do nosso coração, nos fazem compreender e valorizar momentos simples, abusam da inocência para nos despertar a necessidade de proteção, nos permitem olhar para nós mesmos incansavelmente e, nesta autoavaliação, queremos e buscamos ser melhores, a todo tempo... Eles permitem vivências únicas, jamais encontradas em qualquer outra relação que você tenha tido. Foi assim comigo, aprendendo a lidar com o coração fora do corpo!
Experimente deixá-los tocar a pele de seu rosto. Conduzem mágica nas mãos, bem como olhares que falam por mil palavras. E a dependência de nós, sobretudo nos primeiros anos de vida, nos torna úteis, comprometidos, motivados... E ainda que a rotina seja bem mais complexa e atarefada que de alguém sem filhos e, ao fim do dia você sinta exausto, pela manhã, tudo se renova. Não hesite, porém tenha certeza que dá trabalho. Muito! Mas não conheço nada melhor nesta vida. Não há quem resista a um “bom dia, papai!”.
Talvez sua carteira não fique cheia e o orçamento doméstico ganhe novas prioridades, mas certamente seu dinheiro será direcionado para o consumo racional, tratado como investimento, aplicação, muitos com rendimentos a curto prazo ou até mesmo instantâneos... Aprendemos a nos contentar com pouco na garagem, no saldo bancário, no guarda-roupa... E a valorizar o labor que nos permite colocar o alimento à mesa.
Com os filhos, a despensa passa a ter mais utilidade, fica recheada de mais saúde e a geladeira de alimentos naturais. O valor gasto no mercado é bem-vindo, ainda mais quando substitui aquele da farmácia. E, diante de tanta incompreensão, aprendemos a compreendê-los, suas fases, necessidades, limites... Vemos o quanto de nós há neles e que o exemplo arrasta... As crianças são uma mão dupla de perdão... Experimente!
O “eu te amo” nos faz marejar os olhos, retribuir carinho, a olhar com mais ternura o ser humano. A se compadecer do embaraço de outros pais, se um espetáculo de birra é armado em meio ao público, ou mesmo manter a compostura quando este pai é você. Nos fazem perceber que o brinquedo caro ou a viagem dos sonhos não terá sentido se não houver companhia para desfrutá-los, assim como estar no colégio mais bem ranqueado em índices educacionais, se estivermos sempre ocupados e não pudermos comparecer nas comemorações, buscá-los na saída das aulas ou mesmo colaborar com a tarefa escolar. Precisarão um do outro.
Eles nos motivam a valorizar a vida, nos geram o medo de morrer e deixá-los sem amparo, nos arrancam responsabilidades, dominam nosso tempo e a cada dia são esperança para lutarmos por um mundo melhor, ainda que as mudanças aconteçam somente dentro de casa. Cada um sabe do que precisa. Sonhe, planeje, queira os bens materiais, mas se eu pudesse confessar a todos sobre o meu segredo da felicidade: tenham filhos!
Dicas de livros
O Dia dos Pais sempre traz à tona reflexões sobre a importância da figura paterna no desenvolvimento dos filhos. Os homens dividem com as mães um papel essencial na criação e na educação das crianças, pois representam segurança, apoio e proteção. Antes vistos como autoritários, hoje também são sinônimos de afeto, brincadeiras e diálogo. Conheça estas dicas de livros da Editora Moderna, do premiado escritor Ilan Brenman, pai de duas meninas. Os títulos são todos baseados em histórias vivenciadas por ele. Enquanto em “Papai é meu” ocorre o emblemático caso em que um pai é dividido, literalmente, no meio, em “Pai Cabide”, o leitor se depara com um pai de olhos abertos e uma garotada agitada que passa por ele, e logo atira um objeto para que ele carregue consigo. “O Bico” e “Segredos” trazem enredos baseados em comportamentos infantis, como aquele famoso bico que surge no rosto de toda criança ou a ansiedade que elas sentem ao contar ou ouvir um segredo.
PAI CABIDE
Autor: Ilan Brenman
Editora: Moderna
Páginas: 32
Preço: R$ 42
Foto: Divulgação
SEGREDOS
Autor: Ilan Brenman
Ilustração: Anuska Allepuz
Editora: Moderna
Páginas: 32
Preço: R$ 42
Foto: Divulgação