A vida humana é temporal. Tudo tem seu tempo: para nascer e para morrer; para semear e para colher o fruto; para chegar e para partir. Com minha transferência para outra paróquia, vivencio nesta quadra do ano o implacável do tempo. Há 11 anos e dez meses tomei posse como pároco da recém-criada paróquia do Santuário diocesano de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face – situada no Jardim Maracanã, em Presidente Prudente.
A transferência despertou em mim novas reflexões sobre a vida e o ministério presbiteral, ao qual fui constituído por Graça de Deus e mercê da Igreja. O Santuário de Santa Teresinha compreende apenas um bairro. É, portanto, uma paróquia pequena. Não sou padre de multidão nem sou dado a movimentos que arregimentam muita gente. Talvez algo próximo ao que foi a irmã Teresa do Menino Jesus da Sagrada Face em vida, uma monja de claustro num discreto lugar da França em finais do século 19. Claro que hoje, Santa Teresinha atrai multidões, sua vida é inspiração para a juventude e para os fiéis de toda estirpe. A Doutora da “ciência do amor” ensina o caminho da infância espiritual, ser como criança, humilde, pequena... para chegar a Deus em quem confia absolutamente. Ensina a colocar amor em cada pequena coisa, transformando o ordinário em extraordinário pelo ‘simples’ fato de pôr amor nele.
Dirijo uma palavra aos meus paroquianos, de quem me despeço: Deus ama vocês, meus queridos. Deus tem cuidado de vocês e não lhes faltará. Parto para outra comunidade, e muito de mim ficará com cada um de vocês. E certamente, meu coração hoje é muito mais povoado que antes. Cada um de vocês está aqui, comigo, em mim. Quanta gente passou pela paróquia nestes anos. Quanta gente se achegou e se comprometeu no anúncio do evangelho, no cuidado das pessoas, no zelo da Casa do Senhor. Quanta gente se reuniu a cada primeiro dia semana – o domingo, dia do Senhor – para celebrar a eucaristia, ouvir a Palavra (e a “conversa do padre”) e receber o Corpo e o Sangue de Cristo, a Vida de Deus na nossa vida. Quanta gente me educou pela presença, pela busca, pela resposta, pela escuta, pelo olhar, pelo abraço, pela palavra, pela generosidade da sua doação (de bens, de talentos e de tempo).
Fui feliz cada dia destes anos! E sempre soube disso. Consegui florir no jardim de Santa Teresinha e cuidei de quem aqui floresceu. Vamos adiante, sem medo, confiando no Bom Pastor. Quem a Deus tem nada lhe falta. Que a despedida de hoje seja início da saudade que fica em lugar daquele que não ficou. Obrigado, Santuário de Santa Teresinha.
Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!