O tecido adiposo, que é abundante no corpo (cerca de 12Kg numa pessoa com peso normal) é o branco, cuja capacidade de armazenar gordura é necessária para nossa saúde (mesmo parecendo paradoxal). E se esse tecido branco puder ser transformado e se tornar também um “queimador” de gordura?
TECIDO ADIPOSO BRANCO - TAB
É composto por células adiposas, as únicas células do corpo que toleram quantidades excessivas de gordura. Todas as demais células precisam de gorduras (a membrana é de gordura), porém nenhuma tolera quantidades excessivas. A gordura em excesso é literalmente tóxica para as células e prejudica a função. O TAB armazena a gordura para não haver excesso para outras células. Além disso, as células adiposas do TAB secretam proteínas com efeito inflamatório, tais como as células do sistema imune.
TECIDO ADIPOSO MARROM - TAM
O TAM foi identificado nos anos 1970, inicialmente em roedores. Possui irrigação sanguínea mais abundante, contém maior número de mitocôndrias com mais proteínas citocromos, que são importantes no processo de produção de energia. Essas características fazem com que o TAM seja semelhante ao tecido muscular. Ao contrário do TAB (acima), o TAM: [1] armazena pouca gordura e [2] tem propriedade termogênica, pois “queima” boa parte da gordura que capta do sangue. O adulto possui cerca de 50g de TAM, que provoca gasto calórico estimado de 200-300 Kcal/dia (~10% do gasto energético diário).
NEUROPEPTÍDEO Y - NPY
É um neurotransmissor conhecido desde os anos 1980, abundante no sistema nervoso central e que tem efeito orexígeno, ou seja, de estimular o centro da fome no hipotálamo e provocar ganho de gordura/peso. Estudo publicado na revista Nature em 2024 demonstrou que o NPY é secretado também pelos nervos periféricos e provoca a transformação de células murais (ficam nas arteríolas nos tecidos) em células adiposas beges, que são quase tão ativas no gasto de energia quanto as células adiposas marrons.
ANÁLOGOS DO GLP-1 E NPY
Medicamentos que têm efeito semelhante às incretinas intestinais (Ozempic, Wegovy etc) estão em alta, pois promovem perdas de peso significativas de até 25%, sendo indicados em muitos casos. No entanto, seu efeito anorexígeno está limitado à diminuição do consumo calórico, que é compensado pelo corpo com a diminuição do gasto energético. Medicamentos (sem efeitos colaterais) ou estratégias que aumentam o gasto energético, por meio do tecido adiposo bege/marrom ou do tecido muscular, poderiam ser mais eficientes em médio e longo prazo, e talvez sustentar a perda.
APLICAÇÃO
O estudo mencionado foi realizado com camundongos, tendo sido também observado que dieta rica em gordura danifica os neurônios periféricos que produzem o NPY e diminui as células murais. Os vasos ficam mais permeáveis, células do sistema imune adentram o tecido adiposo branco e o tornam inflamado. Até que estudos sejam realizados em humanos e seja produzido um medicamento com efeitos do NPY, a estratégia viável e prática é o esforço vigoroso dos músculos, que são potentes termogênicos, queimadores de carboidratos e gorduras, e gastadores de calorias.
O adulto possui cerca de 50g de tecido adiposo marrom, que provoca gasto calórico estimado de 200-300 Kcal/dia (~10% do gasto energético diário).
Referências
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