A possível retirada de professores mediadores no próximo ano, em quatro escolas estaduais da área de abrangência da Diretoria de Ensino da Região de Presidente Prudente, tem causado preocupação de alunos, pais e também da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial Estado de São Paulo). Conforme o sindicato, uma reclamação foi protocolada junto ao MPE (Ministério Público do Estado) para que o Estado mantenha os profissionais no cargo. A Secretaria de Estado da Educação, por meio de nota, informa, por sua vez, que em 2018 todas as escolas contarão com o profissional da mediação.
O diretor da EE Professora Maria Luiza Formozinho Ribeiro, Devanir Lemes Nantes, afirma ter sido notificado pela supervisora de ensino da escola de que a unidade e outras três não teriam mais a presença do professor mediador, o que causou mobilização por parte de alunos, pais e professores. “Temos aqui uma profissional que atua há cinco anos na mediação de conflitos em qualquer natureza, tanto entre alunos, como entre alunos e professores. A retirada, se de fato ocorrer, vai prejudicar o trabalho, já que visamos à prevenção dos conflitos e não somente o trabalho quando eles de fato já existem”, acrescenta.
Conforme o diretor, uma reunião foi realizada na última semana para apresentar aos pais a situação, que ficaram “indignados” e decidiram criar um abaixo-assinado. “Os pais são testemunhas do trabalho dos mediadores e percebem a importância deles. Esperamos atingir cerca de mil pessoas com o abaixo-assinado, entre alunos, pais e professores, já que contamos com cerca de 770 estudantes entre ensino médio e fundamental”.
De acordo com o coordenador regional da Apeoesp, Wiliam Hugo Correa dos Santos, a decisão trará prejuízos ao ensino, já que a prática traz “resultados visíveis”. “O Estado retira tudo o que está dando certo. Alega que não há índices de violência nas escolas e por isso vai retirar os profissionais, mas se não há índices, é justamente porque o trabalho do mediador tem apresentado resultados. Acredito que vão retirar professores e capacitar diretores para o cargo”, salienta.
Ministério Público
A possível retirada do professor mediador da EE Professora Maria Luiza Formozinho Ribeiro proporcionou um encontro entre pais de alunos da unidade e o Ministério Público, na tarde de ontem. Acompanhada de outros quatro pais, a auxiliar administrativo, Ivete Abbade Freitas, afirma que o grupo se encontrou com o promotor Luis Antônio Miguel Ferreira, do Geduc (Grupo de Atuação Especial de Defesa da Educação), que “acolheu” a reclamação e estudará o caso. “O promotor disse que já entrou com uma ação no começo deste ano e já acompanha o caso. Com isso, pediu para que entregássemos o abaixo-assinado, para que ele junte na ação”. Ivete tem uma filha de 15 anos que estuda na instituição e reconhece a importância do profissional, já que ele é quem media os conflitos em situações que precisam de uma “atenção especial”.
Ribeirão dos índios
Outra situação que preocupa a Apeoesp, além de pais e alunos, é a retirada do 3º ano do ensino médio noturno da EE Carlos Bernardes Staut. Conforme William, para o ano que vem foi anunciado apenas o ensino médio diurno, o que prejudicará os alunos que precisam ajudar financeiramente em casa. “Há demanda e, por isso, pais e alunos pensam até em uma manifestação, para alertar os responsáveis”. A monitora de transporte escolar, Luciana Gonçalves Oliveira, 40 anos, tem um filho de 16 anos que estudará no 3º ano do ensino médio em 2018 e afirma estar preocupada. “Isso tira a chance dele se qualificar, já que a maioria dos cursos é em outra cidade e durante o dia ele estaria estudando”, ressalta.
Posicionamento
A Secretaria de Estado da Educação, por meio de nota, esclarece que a Diretoria de Ensino da Região de Presidente Prudente conta com 34 profissionais mediadores e ressalta que, a partir de 2018, todas as escolas contarão com o profissional. “Estes professores serão direcionados para as escolas mais vulneráveis, com base em estudo feito pela secretaria e nos dados registrados no ROE [Registro de Ocorrências Escolares]”, salienta.
Sobre a retirada do 3º ano do ensino médio em Ribeirão dos índios, o Estado informa que as escolas estaduais podem ofertar o ensino noturno desde que haja demanda por matrículas e expõe que houve “ampla consulta” à comunidade escolar, que pediu matrículas no período da manhã.