“Quem salva uma vida salva o mundo inteiro”. Talvez essa seja a missão de dois sobreviventes da Covid-19, também conhecidos pela solidariedade em prol de pessoas acometidas pela doença. Atualmente, as histórias de luta e superação da cirurgiã-dentista de Presidente Prudente, Raquel Trevisi, e do ator e apresentador Luciano Szafir, inspiram muita gente, quando o assunto é vencer dia após dia o novo coronavírus. Recentemente, em terras prudentinas, eles reforçaram ainda mais a parceria junto ao Projeto Com.Vida, do Instituto Trevisi, criado para atender pessoas no pós-Covid (casos leves e graves), além de oferecer apoio ao enlutado que perdeu alguém e precisa de ajuda para superar seu momento de dor.
Durante entrevista à reportagem, eles relataram como está sendo passar pelo pós-Covid, os desafios somados à vida após a doença, bem como o gesto de empatia com outros sobreviventes do vírus que assola o mundo inteiro. Raquel Trevisi, que é a idealizadora do Projeto Com.Vida, sediado em Presidente Prudente, mas que conta com assistidos de todo o Brasil, reforça que as pessoas não vencem a Covid-19 no momento da alta hospitalar, uma vez que a forma que vivenciaram a doença permanece em suas vidas em todos os momentos. “Em todo momento a gente revive a nossa história e também acaba vivendo a dor do outro”, explica a cirurgiã-dentista.
Esse mesmo sinônimo literal de empatia também é relatado por Luciano, o qual diz que quando as lembranças da batalha contra a doença começam a se apagar, ao ver a dor do outro, tudo acaba voltando. “À medida que você tem contato com casos piores que o seu, ou seja, os mais graves, os que não sobreviveram, os enlutados, você se torna grato por estar vivo e, por isso, segue caminhando, mas também busca ajudar o próximo”, explica o ator. “A Raquel me falou uma coisa muita interessante: - o Luciano de antigamente morreu. Ou seja, você não tenta se comparar com o que você era ou tinha possibilidade de fazer. Pode ser que você até volte ao que era, mas hoje você pensa no ganho do dia a dia”, explica.
Esta rede de empatia, inclusive, faz com que as pessoas que passaram pela doença se sintam seguras em compartilhar com outros sobreviventes o período de luta contra a Covid-19, explica Raquel. “Você nunca vai escutar – você não sabe o que estou falando! Pelo contrário, a gente sabe o que a pessoa está passando e isso acaba trazendo um conforto para ela”, acrescenta.
Este poder de “não mensurar a dor do outro”, segundo o ator, também faz com que a empatia seja o maior vínculo entre os sobreviventes e aqueles acometidos direta ou indiretamente pela doença. “A gente não julga. A pessoa pode passar por uma coisa que para ela não seja nada, mas que para mim pode ser uma coisa gigante. Uma coisa que para mim foi um trauma, para outra pessoa pode não ser. Por isso, estamos aqui para apoiá-los da melhor maneira”, enfatiza.
Luciano também diz que o ser humano desperta compaixão em um momento de adversidade. Para ele, as pessoas estavam “olhando muito para o próprio umbigo”, contudo, veio uma pandemia mundial e elas começaram a ter perdas próximas, e, em algum momento deste capítulo da história, também passaram a sentir a dor do outro. “Quando a pessoa vê que alguém que está sofrendo, ela vai lá e tenta ajudar. Eu acho que estávamos precisando de uma chacoalhada, que, independentemente de religião, é uma chacoalhada de Deus”, explica.
Raquel, que já relatou a este diário que viveu várias formas de luto – luto pela “sua morte”, uma vez que considera o período de internação como um renascimento, e o luto por seu pai, o cirurgião-dentista Hugo José Trevisi, que faleceu em janeiro deste ano vítima de complicações do novo coronavírus –, explica que diante das adversidades que a doença pode trazer para vida de alguém, evita dizer para a pessoa que “está tudo bem e que vai passar”. Ela busca concordar que está doendo, mas que as coisas vão diminuindo com o tempo. “Eu não posso falar para você que eu estou 100%, pois eu tenho dias difíceis. Mas, ao mesmo tempo em que a Covid-19 me trouxe coisas ruins, a forma com que eu vivi também trouxe muitas coisas boas para minha vida, e uma delas é poder ajudar o próximo”, pontua.
O apresentador, por sua vez, diz que tinha uma vida maravilhosa, viajou, trabalhou muito e teve uma família amorosa e carinhosa, mas hoje continua trabalhando as questões emocionais com um profissional, além de dividir sua experiência com Raquel e, por consequência, com os assistidos do projeto que presta auxílio aos afetados pelo novo coronavírus.
Atualmente, engajados em ações para com o Projeto Com.Vida, eles buscam contribuir com pessoas que precisam de ajuda para superar seu momento de dor. “Tem um provérbio judaico que eu gosto muito: Quem salva uma vida salva o mundo inteiro. Eu acredito muito nisso!”, diz Luciano. Essa rede de apoio, segundo ele, não reforça a segurança contra Covid-19, mas dá coragem para continuar trabalhando. “A gente não vai parar de trabalhar e ajudar as pessoas”.
SAIBA MAIS
O ator e apresentador Luciano Szafir esteve em Presidente Prudente para dar início ao tratamento capilar com a médica dermatologista Flávia Medeiros, da Clínica Renascence - Dermatologia Avançada. Ele retornará à capital do oeste paulista ainda neste mês para dar continuidade ao tratamento e reforçar parcerias ao Projeto Com.Vida.
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