Sono e coração: o que a ciência já sabe (e pouca gente aplica)

OPINIÃO - Osmar Marchioto Jr.

Data 09/04/2025
Horário 04:30

O sono ainda é tratado por muitas pessoas como algo secundário, que pode ser ajustado “quando der tempo”. Mas as evidências científicas já são claras: dormir bem é fundamental para a saúde do coração.
Estudos recentes mostram que noites mal dormidas aumentam o risco de desenvolver hipertensão, diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares. O sono ruim interfere no equilíbrio de hormônios que controlam o apetite, desregula o metabolismo e favorece processos inflamatórios no corpo. Aos poucos, essas alterações se acumulam, muitas vezes sem sintomas claros no início, mas com impacto direto na saúde a médio e longo prazo.
Dormir pouco também afeta nossas escolhas alimentares. Quando estamos cansados, o cérebro busca formas rápidas de energia e isso geralmente significa alimentos ricos em açúcar, gordura e sal. Essa resposta não é sinal de falta de disciplina, mas uma reação natural do corpo em desequilíbrio. É por isso que pessoas privadas de sono sentem mais fome, têm mais dificuldade para resistir a ultraprocessados e tendem a abandonar hábitos saudáveis ao longo do dia. O cansaço leva à escolha automática, não consciente.
Essa relação entre sono e alimentação é de via dupla. Assim como dormir pouco influencia o que você come, o que você come também interfere na qualidade do sono. Refeições pesadas à noite, excesso de cafeína, álcool ou uso de telas antes de dormir podem comprometer a profundidade e a continuidade do sono, fazendo com que o corpo não recupere a energia como deveria. O corpo precisa de previsibilidade e regularidade para funcionar bem.
O sono insuficiente mantém o sistema nervoso em estado de alerta constante, como se o corpo estivesse sempre pronto para reagir. Isso pode levar a um aumento da pressão arterial, frequência cardíaca e mais dificuldade de relaxar. Com o tempo, esse esforço extra se transforma em desgaste. Mesmo pessoas com bons hábitos durante o dia podem não obter os resultados esperados se não cuidarem do sono à noite.
E aqui está um ponto central: não adianta cuidar da alimentação, da atividade física, se o sono continua sendo negligenciado. Estilo de vida saudável é um conjunto, não uma lista de tarefas isoladas. O sono faz parte desse conjunto e, muitas vezes, é a peça que falta para os demais hábitos funcionarem de forma mais efetiva.
A boa notícia é que cuidar do sono não exige grandes investimentos ou mudanças radicais. Comece com ajustes simples: tente manter horários regulares para dormir e acordar, diminua a exposição às telas à noite, crie um ambiente escuro e silencioso, evite bebidas estimulantes após o fim da tarde e prefira refeições leves no jantar. E, acima de tudo, valorize esse momento como parte do cuidado com a sua saúde e não como algo que pode ser deixado para depois.
Dormir bem é um hábito essencial, muitas vezes subestimado. Não é perda de tempo. É uma estratégia real de prevenção. E pode ser o próximo passo para quem busca saúde de forma duradoura.

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