A reforma de pastagem e canaviais está impulsionando a expansão da cultura da soja em São Paulo. A sojicultora apresentou crescimento contínuo nos últimos 12 anos, até se tornar o grão mais produzido no Estado. No ano passado, foram produzidas 3,24 milhões de toneladas, em uma área de 1,07 milhão de hectares. Na safra 2020/21 são esperados aumento de 18,3% na produção, que deve atingir 3,83 mi/t; e de 2,1% na área cultivada, que deve superar 1,10 mi/ha, conforme o Boletim de Previsões e Estimativas da Safra Agrícola, do IEA (Instituto de Economia Agrícola) a partir dos dados apurados em cada um dos 645 municípios paulistas. Os preços convidativos transformaram a soja no grão mais cultivado em solo paulista.
Na última safra, o rendimento médio no Estado de São Paulo foi de 3.567 kg (quilos) por hectare, com crescimento de 11,4% na área plantada, atingindo 1.109.800 hectares. Até então, em 46 anos de cultivo da soja, a área de produção não chegava a 600 mil hectares. Na safra corrente, estimam-se mais de 1,3 milhão de hectares, colocando São Paulo em outro patamar no cenário agrícola nacional.
Uma das justificativas para o avanço da cultura em São Paulo é a valorização que o grão vem obtendo. Em 2020, a soja subiu de 5ª para 3ª posição no ranking dos principais produtos da agropecuária paulista, superando R$ 5,7 bilhões, após acumular aumentos de produção e preço. De acordo com o levantamento, o grão responde sozinho por 6,4% da riqueza gerada no campo.
A soja também ocupa papel de destaque na pauta de exportações. Em 2020, as vendas externas totais do Estado superaram US$ 17,2 bilhões. Dentre os principais grupos nas exportações do agronegócio paulista, a oleaginosa figura em terceiro lugar, com exportações de US$ 1,91 bilhão, montante 16,5% superior ao de 2019. O Complexo Sucroalcooleiro, com US$ 6,40 bilhões; e o grupo de Carnes, US$ 2,3 bilhões, ocupam a primeira e segunda posição, respectivamente.
O sucesso da produção do grão no Estado está ancorado em pesquisa científica. É o caso do projeto desenvolvido em Adamantina, Andradina, Assis, Colina, Itapetininga, Pindorama, Capão Bonito, Mococa, Ribeirão Preto, Tatuí e Votuporanga, que avalia cultivares de soja adaptadas para essas regiões. Os estudos se iniciaram a partir da demanda de cooperativas do interior paulista que queriam orientação sobre qual a melhor cultivar para ser utilizada, principalmente, em reforma de canaviais e recuperação de pastagens degradadas.
No país, o ano de 2020 foi positivo para os sojicultores. O complexo soja, composto pelo produto em grão, farelo e óleo, rendeu US$ 35,24 bilhões aos cofres brasileiros. No ano passado, a produção mundial foi de 337,2 milhões de toneladas, em uma área de pouco mais de 122 milhões de hectares, conforme o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O Brasil, maior produtor mundial do grão, contribuiu com 37% desse total, com produção de 124,8 milhões de toneladas, em uma área de 36,9 milhões de hectares. Os EUA ficaram em segundo lugar, com 96,6 milhões de toneladas, o que corresponde a 29% da produção mundial. O Brasil é o maior exportador de soja, responsável pela metade de todo grão transacionado no mundo.
A previsão do VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) do Brasil para 2021 é de R$ 1,032 trilhão, o que representa 12,1% acima do obtido em 2020. As lavouras geraram R$ 708,3 bilhões, com aumento real de 15,4%, e a pecuária, R$ 323,9 bilhões, com aumento de 5,4% em relação a 2020. Entre as lavouras, os principais destaques são arroz, com aumento de 6,0% no VBP, cacau 6,9%, laranja 7,2%, milho 21,9%, soja 30,1% e trigo 13,6%. A soja teve aumento real no valor de 73,0% nestes dois anos.
Responsável por produzir uma quantidade de alimentos que atende a 800 milhões de pessoas em todo o mundo, o Brasil deve continuar ampliando sua contribuição para o abastecimento mundial a ponto de se tornar, nos próximos cinco anos, o maior exportador de grãos do planeta, superando os Estados Unidos. A informação está em levantamento feito pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Segundo o órgão, em apenas dez anos a participação do Brasil no mercado mundial de alimentos saltou de US$ 20,6 bilhões para US$ 100 bilhões, tendo como destaque carne, soja, milho, algodão e produtos florestais. “Olhando os dados dos últimos 20 anos (2000 a 2020), a produção brasileira de grãos cresceu 210%, enquanto a mundial aumentou 60%, O Brasil é o quarto produtor mundial, mas o segundo exportador de grãos, basicamente de soja e milho”, disse à Agência Brasil o pesquisador da Embrapa Elisio Contini.
O maior exportador de grãos em 2020 foram os Estados Unidos com 138 milhões de toneladas. O Brasil está em segundo lugar com 122 milhões de toneladas. “Nos próximos 5 anos o Brasil deverá superar os Estados Unidos em exportação. Com base neste histórico e com os elevados preços internacionais dos produtos, a produção do Brasil deverá atingir a 3% de crescimento mundial”, disse. “E até 2050 a produção brasileira de grãos poderá superar os 500 milhões de toneladas, sendo ainda mais importante para a segurança alimentar do mundo”, acrescentou.