Sociólogo aborda futuro do papel das mulheres na sociedade

PRUDENTE - MELLINA DOMINATO

Data 30/10/2024
Horário 04:02
Foto: Arquivo
Sociólogo: “É preciso romper o conservadorismo que reserva às mulheres a obrigação de cuidar dos filhos"
Sociólogo: “É preciso romper o conservadorismo que reserva às mulheres a obrigação de cuidar dos filhos"

Questionado sobre o futuro crescimento do papel das mulheres na sociedade, incluindo a possibilidade de elevação no número de residências sob responsabilidade delas, o sociólogo Marcos Lupércio Ramos aponta que tais questões acendem alguns questionamentos. “Dentre eles, deve-se pensar fora da ‘caixinha da dicotomia homem x mulher’. Se estamos falando em casais, casados oficialmente ou não, deve-se ser levantada a tônica da ‘corresponsabilidade’, isto é, os dois juntos. Ao se pensar sobre essa questão dos ‘dois juntos’, volta-se novamente à questão de políticas públicas que proporcionam maior participação às mulheres na conformação da condução de um lar”, relata, ao exemplificar o aumento no número de creches que possibilita que os casais que possuem filhos possam trabalhar fora de casa.

“E, mesmo nesse caso, é preciso romper com o conservadorismo tradicional, que reserva muito mais às mulheres essa ‘obrigação de cuidar dos filhos’. Isso precisa ser mudado. É preciso comportamentos menos machistas por parte da sociedade, para que isso ocorra”, argumenta. “Em ocorrendo, esse cuidado deve ser compartilhado. Enquanto essa mudança comportamental, repito, conservadora, não ocorre, o aumento no número de creches e escolas de tempo e ensino integral são importantes para maior emancipação e empoderamento das mulheres”, reforça.

“A questão do ‘machismo social’, mais uma vez perpassa pelo campo religioso majoritário - ou tendendo a isso - em rever o papel da mulher para além das premissas bíblicas. A ampliação da educação formal das mulheres, com maior profissionalização, seja técnica ou universitária, também são instrumentos que contribuem para a conquista de maiores espaços pelas mulheres”, considera Marcos. 

Para o sociólogo, outro aspecto que deve ser lembrado é que o crescimento no número de mulheres responsáveis por residências não está relacionado diretamente ao maior desemprego entre o segmento masculino, mas, sim, ao maior número de casais separados. “Os dados do censo 2022, não abordam - em específico - essa questão, mas há essa tendência de aumento, não só no número de casamentos, portanto de formação de famílias, como também, nos índices de separação entre os casais. Crescendo o número de separação entre casais, há consequentemente e, principalmente, entre os casais com filhos, o crescimento de lares ‘comandados por mulheres”, encerra.

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