Sob protesto de moradores, fiéis realizam simpatia da figueira
“Acho que não deveria existir a superstição, mas sim acreditar em Deus, pois Ele faz os verdadeiros milagres. Para mim, o significado é que estão matando Jesus Cristo novamente, pregando-o na cruz. Ele ressuscitou e não quer isso para nós. Quer a humildade no coração e a nossa fé", declara a educadora.
Com protesto, quase que pacífico, houve o tradicional ritual de cura na figueira. Há anos, fiéis que buscam a cura de pessoas próximas recorrem à árvore, localizada no residencial Jardim São Paulo, para realizar a simpatia que surgiu em Presidente Prudente há mais de 40 anos. Cerca de 40 famílias estiveram presentes, ocasião em que ocorreu a reza e o ritual da pregação dos sete pregos. Em contrapartida, três pessoas contestavam o ato da crença dos presentes, sendo o principal motivo a preservação da figueira. Foram colocados cartazes e desenhos, mas duas pessoas que moram no bairro ficaram para tentar impedir a tradição.
Pessoas buscam cura de entes próximos com a simpatia
De acordo com a educadora Érika Vieira Rodrigues, que pertence à igreja evangélica, as pessoas não deveriam acreditar em superstição, mas sim em Deus. Para ela, martelar os pregos na árvore reproduz a cena de pregação de Jesus Cristo na cruz. Este é o segundo ano que ocorrem intervenções direcionadas à proteção da árvore. Já os moradores Cláudio Esperim da Cruz e Gildo Rodrigues acreditam que o ritual que ocorre está relacionado com algo folclórico e que não promove a cura. Conforme as pessoas chegavam para realizar a simpatia de cura, os dois tentavam contestar o ato e impedir que martelassem a figueira, porém, desistiram e foram embora – quase meio-dia, quando a pregação dos pregos ocorre, marcando o momento em que Jesus Cristo foi crucificado.
"Acho que não deveria existir a superstição, mas sim acreditar em Deus, pois Ele faz os verdadeiros milagres. Para mim, o significado é que estão matando Jesus Cristo novamente, pregando-o na cruz. Ele ressuscitou e não quer isso para nós. Quer a humildade no coração e a nossa fé", declara a educadora.
Tradição
O pioneiro deste momento, em Presidente Prudente, foi Orlando Pieretti. O motivo foram os problemas de bronquite de seu filho, José Leandro Pieretti, ainda quando criança. O resultado foi positivo, desde então passou a realizar o ritual anualmente, todas as Sextas-Feiras Santas. Há pouco mais de quatro anos, o pioneiro faleceu e José Leandro resolveu continuar com a tradição, tendo em vista que a quantidade de pessoas que procuram pela simpatia aumenta a cada ano.
"Meu pai começou a fazer quando eu ainda era criança, tinha problema de bronquite e tivemos êxito. Continuou fazendo e teve o compromisso de promover o encontro enquanto estivesse vivo. O acompanhei há bastante tempo, me comprometi, continuarei fazendo até quando possível", comenta o filho de Orlando, que ainda salienta que a cura surge da fé de cada pessoa, onde a simpatia é apenas um instrumento.
Já Renata Cristina da Silva Gonzaga menciona que frequenta a figueira há mais de 10 anos, quando seu filho tinha crises intensas de bronquite e sempre acabava na Santa Casa. Na época, com seis anos, o menino logo sentiu os efeitos positivos da simpatia e melhorou. O mesmo aconteceu com a filha de três anos de Gonzaga, a menina sofria com bronquite asmática e depois do ritual deixou de lado a bombinha.
"Hoje, meu filho vai fazer 14 anos e está ótimo. A minha filha não precisa mais da bombinha e as crises quase não ocorrem mais. A tradição, que seria por três anos, como me informaram, se estende há 10 anos. Continuarei participando enquanto puder, pois acredito e funciona", revela Gonzaga.