Não é de hoje que se sabe o quanto já se roubou na Fifa. Os jornalistas ingleses são especialistas no assunto e alguns, como David A. Yalop e Andrew Jennings produziram obras as mais interessantes relatando lances dignos de filmes policiais sobre as peripécias urdidas pelos mais altos dirigentes do futebol mundial. Infelizmente, sempre com a presença de cartolas brasileiros.
O primeiro a relatar os malfeitos urdidos na Fifa foi Yalop, com seu livro “Como eles roubaram o jogo”. Está mais centrado em João Havelange e na construção de resultados em Copas do Mundo, como o célebre jogo entre Argentina e Peru, que tirou do Brasil a possibilidade de ser campeão do mundo em 1978. Andrew Jennings, autor de “Jogo Sujo” – O mundo secreto da Fifa – relata as tramas que nasceram durante o reinado de João Havelange, mas incursiona mais profundamente sobre o período em que Joseph Blatter, o notório suíço que sucedeu Havelange esteve no comando das ações deletérias.
Hoje a Fifa é dirigida pelo ítalo/suíço, Gianni Infantino e nem tudo está tranquilo. Basta dizer que Michel Platini, que seria o herdeiro de Blatter sumiu do noticiário. O mesmo se diz de Franz Beckenbauer, outrora outra cabeça coroada e que também se preparava para presidir a Fifa quando aconteceu o milagre proporcionado pela justiça norte-americana. Corria o mês de maio de 2015 e a Fifa realizava a reunião de seus executivos principais em sua sede na Suíça quando a bomba estourou. Lances dignos de filme “noir” com dirigentes saindo às pressas e com malas abandonadas em hotel.
José Maria Marin, o brasileiro agora condenado estaria no lugar errado na hora errada? Sim, pois não foi ele o único a cometer crimes de corrupção no longo período vivido fora da lei dentro da Fifa. E não foram apenas os 7 crimes a ele imputados, e também ao dirigente paraguaio Juan Angel Napout, ex-presidente da Conmebol e da Federação paraguaia e agora também condenado pela mesma juíza que decretou a sentença contra o brasileiro. Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero também foram denunciados pela justiça norte-americana por receberem propina e cometerem os mesmos crimes pelos quais José Maria Marin acaba de ser condenado. Mas, como o Brasil, por lei, não extradita seus cidadãos eles não são, ao contrário de Marin, julgados em Nova York.
A Confederação Brasileira de Desportos continua a mesma e deduzimos que faltou velocidade a Marin para deixar o hotel suíço ao mesmo tempo em que Del Nero o fazia. O voto do chamado Cel. Nunes em Marrocos foi de graça? Não é necessária uma resposta.