Slow down

OPINIÃO - Raul Borges Guimarães

Data 03/12/2023
Horário 05:14

Daqui há poucas semanas celebraremos as festas natalinas. A universidade entra em recesso até o começo de janeiro. Vamos reencontrar alguns familiares, sentir mais saudades e com vontade de enviar mensagens para os que não virão para a ceia de Natal. A cidade torna-se ainda mais agitada. Lojas abertas noite adentro, compras gigantescas no mercado como se não houvesse o amanhã, dificuldade de encontrar vagas no estacionamento, filas para todo lado! Com o avanço das tecnologias e aumento considerável de informações, nos vemos diariamente submersos em milhares de possibilidades de consumo, o que nos leva a comprar de maneira, muitas vezes, inconsciente.

Há muito tempo não embarco nesta euforia coletiva, talvez porque nem sempre os netos estejam por perto. Natal com Papai Noel é realmente divertido, não é mesmo? Quase não compro presentes (os preços estão nas alturas...). Procuro mesmo é desacelerar. E que vontade danada de aderir ao movimento “slow down”!

Desde quando surgiu, a partir daquele protesto de 1986 contra a abertura de uma lanchonete “fast food” na Piazza di Spagna, o chamado movimento “slow down” ganhou cada vez mais adeptos. Não se trata apenas de ativistas que defendem a gastronomia tradicional e a cultura regional, mas a valorização da boa comida e do prazer de desfrutar a vida num ritmo mais lento e saudável. Isto sugere a ideia de diminuir o ritmo frenético das nossas vidas, sobrecarregadas pelo estresse, pela pressão e pela constante busca por produtividade.

Agora a pouco fui buscar um pão fresquinho na padaria do bairro. Observei aquele vizinho que todas as manhãs se dedica a simplesmente varrer as folhas da sua calçada. Tinha um passarinho tentando quebrar o coquinho da palmeira. Outra vizinha estava molhando as plantas na sua varanda. Pois é... preciso encontrar um maior sentido e propósito em minhas atividades diárias, apreciar o momento presente, cuidar do bem-estar físico, valorizar o meu tempo e a experiência. É claro, aderir ao movimento slow down não significa necessariamente fazer tudo mais devagar, mas sim encontrar um equilíbrio saudável na vida cotidiana. Investir tempo e energia em relacionamentos que realmente importam, priorizar o encontro com amigos e familiares, respirar profundamente, caminhar na natureza e sujar as mãos e os pés de barro. Eu sei que a tecnologia muitas vezes nos mantém conectados de maneira constante, mas é uma fonte do cansaço e estresse. Vou praticar mais desapego. Quero menos distração para me concentrar no que realmente importa. Um beijo e tchau....fui!

 

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