Membros do Sintrapp (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Presidente Prudente e Região) se uniram ao prefeito Nelson Roberto Bugalho (PTB), no fim da manhã de ontem, no gabinete do chefe do Executivo, para uma negociação acerca do abono salarial reivindicado por servidores inativos. De acordo com a presidente do sindicato, Ana Lúcia de Mattos Flores, a proposta de um reajuste de R$ 150, complementando um abono de R$ 50 já concedido, foi apresentada pela administração pública, no entanto, os trabalhadores julgaram o valor "muito aquém do que era esperado pela categoria". Uma vez que um acordo não foi estabelecido, o sindicato permanecerá com os protestos em andamento. A Prefeitura, por sua vez, informa que continuará em busca de uma solução. Ainda ontem, um almoço simbólico foi ofertado para os aposentados e pensionistas em frente ao Paço Municipal. Até às 12h, 70 servidores haviam assinado a lista de presença.

Sindicato ofereceu almoço simbólico para servidores inativos; até 12h de ontem, 70 interessados haviam assinado lista de presença
Para a sindicalista Sônia Auxiliadora de Vasconcelos Silva, 52 anos, a adesão da classe aos protestos demonstra a unidade dos trabalhadores e a necessidade de encontrar uma solução para o problema, visto que "muitos estão passando por dificuldades". "Não admitiremos nenhum direito a menos. Essas pessoas doaram suas vidas para a cidade e merecem ter seu dinheiro reposto", salienta.
A aposentada Elieta Maria do Nascimento Xavier, 62 anos, é uma das servidoras afetadas com a perda salarial. "Nós, os mais antigos, lutamos muito para obter o auxílio. Enfrentamos diversas greves por uma boa remuneração e a conquistamos debaixo de sol e chuva, mas, infelizmente, nos foi tirada", comenta. Segundo ela, o benefício faz falta, já que o utilizava para ajudar a família e os netos. No entanto, não pretende desistir da luta e tem confiança que a Prefeitura entrará em um consenso com a categoria.
A também aposentada Luzia Monteiro de Araújo, 62 anos, afirma estar com "as contas de luz e água atrasadas e comendo aquilo que lhe dão". Sua expectativa é que a administração pública tenha o "bom senso" de devolver o recurso a "todos os servidores que lutaram por 30 anos e dos quais quer ‘puxar o tapete’". "Eles nos dão ouvidos, mas há sempre um entrave. Se for preciso, vamos dormir aqui, não importa quanto tempo a luta perdure", enfatiza.
A pensionista Maria Sônia Silva, 54 anos, por sua vez, quer a tomada de uma providência o mais rápido possível, pois há muitos servidores inativos que, assim como ela, estão "passando fome". "Enquanto não tivermos dinheiro para comprar nosso alimento, não vamos desistir", pontua.
Procurada, a Secom (Secretaria Municipal de Comunicação) informou que a Prefeitura "continua em busca de uma solução que tenha segurança jurídica para a administração e os servidores inativos e aguarda posicionamento do sindicato para novas sugestões".
Histórico
Os protestos da categoria ocorrem desde que o TJ-SP (Tribunal da Justiça do Estado de São Paulo) determinou como inconstitucional o pagamento de benefício no valor de R$ 658,50 a 1.151 aposentados e pensionistas. Na ocasião, também não foi acolhido pelo órgão o adicional de 65% sobre o salário pago pela administração pública a aproximadamente 600 trabalhadores com nível universitário.