Singela homenagem ao Papa Bento XVI

OPINIÃO - Sandro Rogério dos Santos

Data 22/01/2023
Horário 04:15

As crianças com olhar ingênuo e perguntas certeiras desconcertam certezas dos adultos. Para estes, há questões sossegadas. Sem respostas definitivas, contentaram-se em conviver com as dúvidas; havia luz suficiente para avançar sem medo pelas estradas do mundo... Mas, eis que as crianças os tiram do conforto e os colocam em confronto com suas pseudosseguranças. Ninguém jamais viu a Deus, mas Jesus revelou o rosto do Pai: “Quem me vê, vê o Pai”.

Quiçá a melhor resposta ao “menino cego de Deus” seja ajudá-lo a enxergar Deus ao modo humano; auxiliá-lo a contemplar todas as coisas boas que causam sentimentos bons nas relações e na criação toda. Desse olhar admirado, levá-lo a pensar que tudo o que é maravilhoso e bom tem um princípio, origem, causa... – com o tempo se saberá que esse princípio é Deus. E Deus é Amor. Amor não se vê com esses olhos que veem criaturas, senão somente com o coração. “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos” (Saint-Exupéry). Fechar os olhos para o mundo e abrir os olhos do coração para o mundo (belo, verdadeiro e bom) é enxergar além das aparências...

► Perguntou a Andrea: “A minha catequista, ao preparar-me para o dia da minha Primeira Comunhão, disse-me que Jesus está presente na Eucaristia. Mas como? Eu não o vejo!”

► Respondeu Bento XVI (falecido aos 31/12/2022): Sim, não o vemos, mas existem tantas coisas que não vemos e que existem e são essenciais. Por exemplo, não vemos a nossa razão, contudo temos a razão. Não vemos a nossa inteligência e temo-la. Não vemos, numa palavra, a nossa alma e, todavia, ela existe e vemos os seus efeitos, pois podemos falar, pensar, decidir etc. Assim também não vemos, por exemplo, a corrente elétrica, mas sabemos que existe, vemos este microfone como funciona; vemos as luzes. Numa palavra, as coisas mais profundas, que sustentam realmente a vida e o mundo, não as vemos, mas podemos ver, sentir os efeitos. A eletricidade, a corrente não as vemos, mas a luz sim. E assim por diante. Desse modo, também o Senhor ressuscitado não o vemos com os nossos olhos, mas vemos que onde está Jesus, os homens mudam, tornam-se melhores. Cria-se uma maior capacidade de paz, de reconciliação etc. Portanto, não vemos o próprio Senhor, mas vemos os efeitos: assim podemos entender que Jesus está presente. Como disse, as coisas invisíveis são as mais profundas e importantes. Vamos, então, ao encontro deste Senhor invisível, mas forte, que nos ajuda a viver bem.

Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!

 

 

 

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