As fachadas das agências bancárias trouxeram ontem placas que anunciavam o descontentamento com o rumo das negociações entre bancários e entidade representativa: "Estamos em greve". De acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários de Presidente Prudente e Região, Edmilson Trevisan, cerca de 800 bancários do maior município do oeste paulista cruzaram seus braços, após não terem suas reivindicações atendidas pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos). "99% das agências pararam em Prudente. Na região, algumas agências também paralisaram, mas acreditamos que, aos poucos, todas vão aderir ao movimento", avalia Edmilson.
Quem precisou de serviços bancários ontem se deparou com cartazes anunciando greve
Segundo o sindicalista, a greve foi desencadeada após uma "proposta rebaixada" da Fenaban, que ofereceu 6,5% de reajuste salarial e abono de R$ 3 mil, sendo que a categoria pedia reajuste de 14,78% e 5% de aumento real. "O percentual que eles oferecem é menor do que a reposição inflacionária anual e o abono completa só este ano. Não vamos aceitar", comenta. O presidente acredita que uma nova negociação não deve surgir de imediato, visto que, na última greve, a Fenaban só se manifestou após 20 dias de paralisação. "Por enquanto, vamos permanecer em greve por tempo indeterminado", enfatiza.
Edmilson explica que, apesar do atendimento em bancos ter sido interrompido, a população pode continuar tendo acesso aos serviços por meio dos caixas eletrônicos. "Neles, é possível realizar pagamentos, saques e até mesmo empréstimos de valores razoáveis", aponta. "Além disso, alguns funcionários que não aderiram à greve ficarão à disposição dos clientes para ajudá-los com os serviços oferecidos pelos caixas", complementa.
Opiniões
As filas aumentaram no primeiro dia da greve dos bancários. Se o processo nos caixas eletrônicos era mais rápido antes, a lotação o tornou mais lento. A microempreendedora Ana Paula Chicale, 42 anos, saiu insatisfeita de uma agência. "Além do banco ter parado, havia caixas eletrônicos que não estavam funcionando. Não consegui fazer a minha operação. Agora vou ter que aguardar. Eu acho isso uma pouca vergonha. Acredito que os bancários deveriam se unir e pensar no povo. Onde já se viu apenas uma pessoa para orientar os clientes?", reclama.
O aposentado Tarciso Vieira da Silva, 61 anos, acredita que esta é uma questão complicada, pois os dois lados acabam ficando comprometidos. "Eu, na verdade, fico em dúvida. Os bancários precisam do salário que merecem e têm que defender o ganho deles. Enquanto isso, a população precisa pagar as suas contas em dia, mas com os atrasos, vão acabar lidando com os juros", opina. A aposentada Marlene Barros, 67 anos, por sua vez, considera que o movimento no primeiro dia foi "normal". "Eu acho a greve muito cabível, pois os funcionários precisam lutar pelos seus direitos", pontua.
Posicionamento
Em nota, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) informou que a negociação está em andamento. "A proposta da Fenaban integra, para a maior parte dos bancários, aumento de remuneração que supera a inflação. Isso porque ela envolve, além dos 6,5% de reajuste salarial, um abono de R$ 3 mil. Somando ambos, o aumento chega a 15% para algumas faixas salariais", defende. A federação notifica que a proposta inclui participação nos lucros e aumento no vale-alimentação (que passará a R$ 523,48 mensais) e no vale-refeição (que chegará a R$ 694,54 mensais). "Esses e outros benefícios pagos aos bancários estão entre os mais altos do mercado", complementa.
A Febraban aponta ainda que, enquanto a greve decorre, a população pode ter acesso aos serviços por meio de uma série de canais alternativos, como os caixas eletrônicos, internet banking, o aplicativo do banco no celular, operações bancárias por telefone e também pelos correspondentes, que são as casas lotéricas, agências dos Correios, redes de supermercados e outros estabelecimentos comerciais credenciados.