Nos últimos anos, o Brasil tem registrado um aumento preocupante no número de casos de sífilis, uma IST (infecção sexualmente transmissível) que, apesar de tratável, pode ter consequências graves se não for diagnosticada e tratada a tempo. Mesmo cenário observado em Presidente Prudente. Como noticiado por este diário, a cidade voltou a registrar aumento de casos de sífilis entre seus munícipes. Em comparação com o primeiro semestre do ano passado, o crescimento no número de diagnósticos foi de 14,62%.
De janeiro a junho de 2024, foram registrados 146 casos, conformo dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) de Prudente. No mesmo período de 2023, foram 130 casos. Na primeira metade do ano passado, a alta foi de 3,17% em relação a 2022, quando foram contabilizados 126 diagnósticos de sífilis. De janeiro a dezembro de 2023, o total de casos foi de 285. Já em 2022, foram contabilizados 308 diagnósticos. Aumento de 8,07% de um ano para o outro.
A sífilis, outrora considerada controlada, voltou a se tornar uma ameaça à saúde pública, especialmente devido à falta de informação, descuido na prevenção e, em alguns casos, ao aumento da resistência ao tratamento. A sífilis é uma doença causada pela bactéria Treponema pallidum, transmitida principalmente através de relações sexuais desprotegidas, mas que também pode ser passada de mãe para filho durante a gestação, levando a casos de sífilis congênita, uma condição grave que pode resultar em malformações, aborto ou morte do recém-nascido.
Este cenário alarmante levanta questões sobre a eficácia das campanhas de conscientização e a acessibilidade dos métodos de prevenção. A educação sexual nas escolas, por exemplo, tem um papel fundamental na disseminação de informações corretas sobre o uso de preservativos, a importância de exames regulares e o combate ao estigma associado às ISTs. No entanto, tais iniciativas ainda enfrentam resistência em alguns setores da sociedade, comprometendo a saúde da população.
A prevenção é, sem dúvida, o caminho mais eficaz para conter a disseminação da sífilis. O uso de preservativos durante as relações sexuais é a medida mais básica e acessível, mas que ainda encontra barreiras culturais e educacionais. Além disso, o diagnóstico precoce por meio de testes rápidos, que estão disponíveis gratuitamente no SUS (Sistema Único de Saúde), é essencial para evitar a progressão da doença e suas complicações.
Outro ponto crucial é o tratamento adequado. A sífilis, quando detectada nas fases iniciais, pode ser tratada com antibióticos, como a penicilina, de forma eficaz. Contudo, é necessário que tanto o paciente quanto seus parceiros sejam tratados simultaneamente para evitar a reinfecção e a propagação da doença.
As autoridades de saúde precisam intensificar as ações de combate à sífilis, aumentando a distribuição de preservativos, ampliando o acesso aos testes rápidos e investindo em campanhas de conscientização que alcancem todos os segmentos da população. A sociedade também deve fazer sua parte, encarando a sífilis e outras ISTs com a seriedade que merecem, sem preconceitos ou tabus, mas com responsabilidade e compromisso com a saúde coletiva.
Em um momento em que tanto se fala sobre a importância da saúde pública, é essencial que o combate à sífilis seja tratado como uma prioridade. Só assim será possível reverter esse quadro preocupante e garantir que futuras gerações vivam livres dessa infecção que, apesar de antiga, continua a representar um desafio moderno.