Quem trabalha no mercado hortifrutigranjeiro relata que já viveu tempos melhores. Isso porque, segundo os comerciantes ouvidos pela reportagem, este foi um ano difícil para as vendas. A proprietária de um dos boxes mais movimentados do pavilhão da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), Dirce Sugano, acredita que a menor procura é reflexo do baixo poder aquisivo do brasileiro, acarretado pela crise econômica, e do aumento da concorrência, tendo em vista que os preços dos produtos não estavam caros.
Bancas de frutas também enfrentam período difícil
"A venda de alface é uma demonstração de como o mercado está fraco. Nos anos anteriores, chegávamos em dezembro com essa verdura em falta. Hoje, ainda estamos com estoque", denota a permissionária. Ela sente um retardamento nas vendas e espera que estas cresçam a partir de janeiro. "Infelizmente, até o momento não houve a venda esperada", avalia.
Ainda em relação ao ano, Dirce aponta que o único item que chegou a ficar em falta no mercado foi a cereja e que, até mesmo o morango, o qual costuma esvaziar nas bancas, ainda não acabou. A permissionária também afirma que as vendas para a ceia de ano-novo não devem crescer muito, mas que, entre os produtos mais procurados, vão estar o pêssego e a romã. "Para a ceia de Natal, até a uva, que é popular nesta época, não foi muito procurada", ressalta.
O comerciante Sidnei Peretti denota que a baixa procura em relação aos anos anteriores já era esperada, pois hoje em dia as pessoas só compram aquilo que têm certeza que vão consumir. "Antigamente, os clientes faziam as compras para o Natal e levavam aquele monte de frutas, que sempre acabava sobrando. Hoje, esse desperdício não existe mais", pondera. Até mesmo compras no supermercado se tornaram mais frequentes, segundo ele. "Voltando mais vezes ao supermercado, eles aproveitam melhores preços do que fazendo uma compra para o mês inteiro", salienta.
Conforme Sidnei, este foi o ano em que se vendeu menos e que o aumento obtido com as festividades do Natal foi de 7%. "Para a ceia de ano-novo, o percentual deve ser ainda menor, visto que as pessoas gastam mais nas compras para as refeições natalinas", considera. Além disso, o comerciante enfatiza que, antes, as frutas de época eram mais populares porque só eram vendidas neste período, ao passo que hoje são comercializadas durante todo o ano, com exceção da lichia. "Esta só tem no Natal", frisa. Entre os produtos mais procurados no seu box estão a melancia, abacaxi, uva branca, laranja, manga e kiwi. "Já as vendas da banana são menores, porque o comprador já a consome o ano inteiro", pontua.
Bancas
Nas bancas de frutas espalhadas no município, a situação não é diferente. De acordo com a comerciante Josimara Ferreira da Silva, 29 anos, a venda de frutas, verduras e legumes teve redução de 40% em seu estabelecimento. "Eu já esperava a queda, mas não tão significativa", comenta. Para ela, a falta de dinheiro é um aspecto visível, pois muitos clientes acabam comprando com o cartão de crédito. A expectativa com as festas de fim de ano é que a procura aumente três vezes em relação aos dias normais. Diante da realidade desfavorável e a fim de evitar o desperdício de mercadorias, a vendedora decidiu refrigerar todos aqueles itens que acabam ficando tempo demais nas bancas. "Se eu vejo que não está saindo, já coloco na câmara fria. Já quem trabalha na rua deve ter perdido muito", pondera.
A comerciante Cris Valentim, 43 anos, também considera que este foi um ano fraco para o setor. "A crise econômica refletiu no preço dos produtos", opina. Apesar disso, ela se mantém esperançosa para as últimas vendas do ano e acredita que o ano-novo deve elevar a procura em até 50%. Os produtos mais buscados em sua banca são a melancia, abacaxi, pêssego e nectarina.