Os hotéis não fazem parte dos estabelecimentos que precisam, por decreto estadual ou municipal, manterem-se fechados. Mesmo assim, enquanto alguns estabelecimentos do setor continuam funcionando na capital do oeste paulista, outros optaram por fechar, temporariamente, as portas. Abertos ou fechados, a situação da rede hoteleira não é a mesma, especialmente no que se refere aos funcionários.
Outras mudanças para aqueles que seguem atendendo são restrições impostas por decreto municipal: não podem hospedar estrangeiros, pessoas com suspeita ou confirmação de Covid-19 e de regiões com muitos casos, o que os obriga a realizar uma ficha muito mais rígida de cada cliente que pretende fazer o check-in.
É o caso do Godoy Palace Hotel, às margens da Rodovia Raposo Tavares (SP-270), que decidiu manter as atividades, mas com as devidas alterações. A gerente do estabelecimento, Elizangela Fernandes de Souza Cirino, 39 anos, afirma que depois de reuniões com os funcionários, decidiram que nenhum dos 14 seria dispensado, mas que, para mantê-los, seria necessário reduzir em 50% suas horas e seus salários temporariamente: todos aceitaram. “Sete colaboradores trabalham em um dia, e os outros sete no outro dia. Nosso café da manhã também foi reduzido por questões de economia”, pontua Elizangela.
A gerente afirma que em dias comuns costumavam registrar ocupação de 70% a 80% dos quartos, agora o número está em torno de 20%, além disso, houve mudança de público. Antes costumavam receber representantes de vendas e pessoas que vinham para eventos, agora recebem viajantes que passam pela rodovia. O temor agora é que possíveis endurecimentos nas medidas de quarentena façam que este público também desapareça. “Estamos trabalhando pensando no hoje”, ressalta.
Os que estão hospedados no hotel, segundo a gerente, são orientados a seguir todas as recomendações dos órgãos de saúde, como manter-se o maior tempo possível nos quartos, de modo a evitar aglomerações nos espaços comunitários, além das medidas de higienização. O mesmo se aplica aos funcionários, que além do uso do álcool em gel 70%, trabalham todo o tempo com máscaras.
Em contrapartida, um exemplo de hotel que preferiu suspender as atividades por um período indeterminado é o Aruá, no centro de Presidente Prudente. O proprietário Ricardo Anderson Ribeiro afirma que assim que o problema do Covid-19 começou a crescer no Brasil e os casos suspeitos surgiram na região, optou pelo fechamento do hotel, em 16 de março. Para manter a saúde financeira da empresa durante este período, decidiu utilizar o recurso da medida provisória do governo federal, que permite a suspensão temporária do contrato dos funcionários. “Eles recebem o seguro-desemprego por dois meses e a empresa mantém os benefícios. Depois disso retornam ao emprego”, explica Ricardo.
“As leis autorizam os hotéis a abrirem, mas não há transporte aéreo, não há funcionamento do comércio, empresas... Não há público para hotelaria neste momento e os custos de manter a estrutura continuam”, ressalta o proprietário do Aruá.
CAPACIDADE OCIOSA
E SOLIDARIEDADE
Como divulgado neste diário há algumas semanas, outro hotel que preferiu interromper as atividades temporariamente é o Portal D’Oeste, na Avenida Brasil. Com 150 leitos sem utilização durante a pandemia do Covid-19, o proprietário José Mirandola ofereceu-os à Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), decisão que segue ao encontro das ações implementadas pelo município a fim de conter a propagação do coronavírus na cidade.
À época, o prefeito Nelson Roberto Bugalho (PSDB) afirmou que “como a dengue é uma doença em que não há contágio como o coronavírus, destinaríamos o hotel para essa finalidade e deixaríamos as unidades de saúde para atendimento da Covid-19 e outras situações mais urgentes, ou seja, evitaríamos a propagação de possíveis casos positivos”. Além disso, agradeceu a iniciativa doo empresário.