Assim como diversos outros setores da economia, o setor da gastronomia também tem enfrentado dificuldades em relação ao “abre e fecha” causado pela regressão ou avanço de fases do Plano São Paulo. Com a região de Presidente Prudente atualmente na fase vermelha, que é a mais restritiva, empresários da maior cidade da região comentaram para a reportagem que a instabilidade tem confundido não apenas os proprietários dos negócios, como também os consumidores, além de trazer prejuízos financeiros acumulados já há quase um ano.
O proprietário do Garden Restaurant, Paulo Meirelles, por exemplo, afirma que a fase mais restritiva inviabiliza o negócio dele, uma vez que agora só é permitido o atendimento delivery ou o chamado take away. “Para meu tipo de comércio não funciona, já que é um restaurante onde meus pratos têm o valor agregado um pouco maior, além do fato de que eu vendo também o ambiente do restaurante, e como as pessoas não podem frequentar, fica inviável”.
Paulo comenta ainda que o sistema delivery, de maneira geral, funciona mais para serviços como venda de pizzas, lanches ou marmitas, além de dizer que o setor ganhou mais pessoas ofertando este tipo de produto, como uma forma de se reinventar, por exemplo, após uma demissão. “Isso [maior número de estabelecimentos com um mesmo produto] também interfere no nosso setor”.
Como sugestão, Paulo ressalta que o ideal seria o funcionamento, pelo menos, com as restrições da fase amarela, que permitiam o atendimento até 22h, visto que a permissão até apenas 20h, como também já ocorreu, não funciona. “A não ser nos casos de estabelecimentos que trabalhem com o happy hour, se não, também é inviável”.
A proprietária do Bar da Estação, Lucineide Navarro, lembra que o “vai e vem” confunde todos os envolvidos, empresários e consumidores, já que, no caso dela, por exemplo, é difícil saber a quantidade de bebidas e alimentos que se deve comprar, ou para quanto tempo essa quantia vai durar, e em relação à contratação de pessoal.
“Os próprios clientes não sabem como agir, se ficam ou não em casa e, infelizmente, é neste momento que surgem as festas clandestinas e que não respeitam os protocolos de segurança, diferente do que ocorre num bar ou restaurante, em que todas as medidas são obrigatórias”.
No caso dela, o delivery também não tem funcionado de forma satisfatória, que, para Lucineide, é uma das consequências dos encontros sem segurança, já que as pessoas tendem a comprar seus próprios alimentos e bebidas em mercados.
O governo do Estado, em nota, já comentou para este diário que tem dialogado com os municípios para o bom entendimento das ações de enfrentamento ao coronavírus, e ressaltou que as medidas mais restritivas, como é o caso da fase vermelha do Plano São Paulo, estão ancoradas em critérios científicos, com aval do Centro de Contingência do Coronavírus. “O integral cumprimento das normas é fundamental para a contenção das taxas de contaminação da Covid-19 em todo o Estado”.