A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) aplicará imediatamente na rede municipal o aprendizado adquirido anteontem por meio das experiências compartilhadas sobre a classificação de risco e a priorização dos pacientes com maior gravidade no quadro clínico, em evento realizado para a discussão dos óbitos em Presidente Prudente, em decorrência da dengue, de acordo com informações da Secom (Secretaria Municipal de Comunicação).
O encontro foi uma parceria entre a APM (Associação Paulista de Medicina), o Cremesp (Conselho Regional de Medicina) e o DRS-11 (Departamento Regional de Saúde), e contou com palestras do coordenador do CCD (Centro de Controle de Doenças) do Estado, Marcos Boulos, da médica infectologista do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica), Lídia Maria Reis, e da enfermeira Marilene Wagner, da Comissão de Urgência e Emergência da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas.
O coordenador do CCD, Marcos Boulos, esclarece que, no ano passado, o Estado foi "atropelado" por casos de dengue, e o que chamou a atenção foi o grande número de óbitos pela doença. "Notamos que mais da metade dessas mortes poderia ter sido evitada", esclarece. Segundo ele, o aumento nas mortes suspeitas por dengue em Prudente também gerou preocupação, de modo que foi realizado o encontro com o objetivo de orientar os profissionais da saúde para que estejam mais preparados no sentido de evitar os óbitos.
De acordo com Lídia, a região registrou, em 2015, dez mortes por dengue, sendo quatro em Prudente, três em Pirapozinho e três em Rancharia. Entre esses casos, oito vítimas tinham comorbidades: seis cardiovasculares, uma metabólica e uma pulmonar. Ela apontou ainda que os sinais de alarme registrados em maior proporção na região foram desconforto respiratório, sonolência e irritabilidade.
Marilene, por sua vez, chamou a atenção para a não realização do procedimento padrão para os casos de dengue, como a medição da pressão arterial com o paciente em pé e deitado e a realização da prova do laço. Além disso, a enfermeira citou ainda um "erro comum" encontrado nas unidades de saúde, o fato de que os pacientes chegam e ficam muito tempo esperando pelo atendimento sem a oferta de líquidos para a sua hidratação – algo extremamente necessário nos casos de dengue.
Para o conselheiro regional do Cremesp, Roberto Lofti Júnior, o objetivo do encontro, de orientar a classe médica no sentido de evitar os óbitos por dengue, "foi, sem dúvida, atingido". "Mais de 300 pessoas de toda a região estiveram presentes, o que indica um interesse e uma vontade muito grande de evitar possíveis falhas nos atendimentos e aprimorar os nossos protocolos", expõe.