“Então é Natal! E o que você fez?” Entre os brasileiros, falar em Natal é recordar essa canção, talvez, mais do que a clássica “Noite Feliz”. A vida costuma desafiar ao tomar parte. De memória seletiva e nem sempre ativa, tece-se o enredo e a narrativa da história, sem muita correspondência com os fatos.
O viajante não vê a hora de chegar ao destino para aproveitar o tempo, desfrutando do lugar. Antes, contudo, quer (ou precisa!) descansar o corpo e a mente; recompor-se para estar inteiro no sítio recém-chegado. Os povos do deserto têm a lei do deserto ou da hospitalidade. Após longa caminhada, com sandálias, no calor e na poeira pegajosa... os pés exigiam água para descansar e quiçá serem curados das feridas; o corpo exigia comida. E o estilo nômade exigia hospitalidade.
Natal é tempo de encontro e descoberta. Anselm Grün numa de suas obras, refere as lembranças que o Natal desperta no imaginário humano. “Com frequência, as representações ideais misturam-se com as nossas lembranças. Que imagens lhe vêm à mente quando você pensa no Natal? Você as associa a bons sentimentos? Ou havia também frequentemente conflito e irritação junto? Em muitas famílias, durante dias, são feitos amáveis preparativos, a fim de que seja uma bela festa. E, no final, há tensões, porque as expectativas são demasiado elevadas e a decepção é praticamente inevitável. Alguns fogem regularmente, antes dos dias do Natal... e voltam as costas à família”.
Assim, chegado o Natal do Senhor, após um percurso razoavelmente íngreme, tortuoso, quente e empoeirado – se se pode assim conceituar o ano 2022 – as pessoas anseiam por hospitalidade. Querem ser acolhidas, ter seus pés refrescados, curados, recompostos. As famílias se encontram e, mais que qualquer outra coisa, precisam de hospitalidade mútua. Seus integrantes querem ser amados e ouvidos; respeitados e amparados, não apenas e simplesmente combatidos.
Voltar às imagens do Natal é um caminho para reencontrar a paz ou alcançar a “serenidade da gruta de Belém”. A Luz brilhou e ainda brilha. O próprio Deus se fez homem para encher com a luz divina a vida humana, que está submetida à morte. Uma existência que já não possa ser destruída pela morte. A encarnação de Deus é o acontecimento central da nossa redenção. Jesus é homem até o fim amargo na cruz. Na ressurreição, a vida divina venceu os poderes destruidores. O amor, resplandecido na criança da manjedoura, permanece e transmite continuamente aconchego e lar. O amor é mais forte que a morte. Será?
Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Feliz Natal! Pax!!!
