Ser pai

OPINIÃO - Paulo José Castilho

Data 16/08/2022
Horário 05:00

Muita gente não percebe, mas o universo é regido por um velho princípio que hoje é denominado de Princípio da Distribuição Desnivelada ou Princípio da Concentração.
Em todas as sociedades humanas, 1% do número das pessoas mais ricas detém riquezas equivalentes a mais do que 50% de todo resto da população das classes mais humildes. E não é só na área financeira. Como constatou Jordan Peterson (“12 Regras Para a Vida: um antídoto para o caos”, editora Alta Books, 2018), um pequeno grupo de músicos produz quase toda a música que é veiculada comercialmente, poucos autores produzem a maioria dos artigos científicos publicados em revistas especializadas.
E a concentração não para por aí: se você for ouvir uma orquestra sinfônica, o concerto quase que obrigatoriamente será de um dos quatro compositores clássicos (Bach, Beethoven, Mozart e Tchaikovsky), pois são eles que dominam a maioria absoluta das músicas e peças que ali serão tocadas.
Indo mais longe, verifica-se que a população das cidades está concentrada em um pequeno número delas, isto é, poucas cidades abrigam a maior parte da população e no nível astronômico, poucos corpos celestes representam quase a totalidade da massa de todos os outros.
Tudo isso mostra que a maioria das coisas que fazem parte da existência está concentrada em poucas pessoas, espaços e elementos. 
Porém, na verdade, o princípio foi revelado desde o Evangelho, e por isso também pode ser chamado de Princípio de Mateus (Mateus, 25:29). Ali diz o Senhor: “Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas, a quem não tem, até o que tem lhe será tirado.”
Não é à toa, portanto, que a própria Verdade não é um conceito, uma ideia ou um estado da mente, mas sim manifesta em apenas uma única pessoa divina, que é Jesus. 
E o que o Princípio de Mateus tem a ver com ser pai? Ora, quando se é pai, durante um bom tempo, o homem concentrará a maior parte de sua atenção e seus esforços para seu filho ou filha. Mesmo que não possa estar presente fisicamente, pensará nos meios pelos quais o filho tenha saúde, proteção, educação.
Uma única ou poucas pessoas (dependendo da quantidade de filhos) irão impulsioná-lo a ser uma pessoa melhor, para que enfim alcance aquela maturidade de reconhecer seus defeitos, justamente para que os filhos não os repitam.
Ser pai é ter muito, e a cada fase da vida do filho, ganhar mais (orgulho, alegria ou ainda preocupação). Se tiver um filho, já é muito, mas se tiver outros, nunca será demais.
Ser pai é ter a aquela felicidade concentrada naquela pessoa, mesmo nos vários momentos em que ele, o filho, queira saber mesmo é só da mãe.
 

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