Na sexta-feira, a CAC (Casa do Aprendiz Cidadão) encaminhou um documento à Prefeitura de Presidente Prudente, em que anuncia oficialmente a saída da Zona Azul. O rompimento ocorreu devido ao não acordo junto ao Executivo, para a elevação dos valores atuais dos bilhetes - em que a maior parte do valor arrecadado reflete ao custeio do projeto, que passa por dificuldades financeiras.
No ofício obtido pela reportagem, Mohamed Ali Sufen Filho, presidente da CAC, comunicou o encerramento do Projeto Meu Primeiro Emprego a partir desta segunda-feira. “[A organização] agradece ao poder público municipal a confiança depositada na realização dos trabalhos junto à Zona Azul, na certeza de que se fez o melhor diante do oferecido pela administração pública municipal”, afirma no texto.
Ainda no ofício, o presidente salienta que a Casa do Aprendiz Cidadão continua a desenvolver suas atividades normais junto a mais de 600 jovens em cursos de capacitação, com aproximadamente 410 aprendizes no mercado de trabalho, que conta com auxílio e incentivo do poder público municipal, sendo dezenas na parte administrativa do município. “É e sempre será motivo de agradecimento pelo incentivo ofertado”, considera Mohamed.
Ao final do ofício, o presidente reforça que a CAC continuará de portas abertas ao Executivo municipal para continuidade ao trabalho de incentivo e capacitação dos jovens, em especial, àqueles de classes menos favorecidas e situação de vulnerabilidade.
A reportagem procurou a Prefeitura que reafirmou o posicionamento anterior, de que seria “inviável” elevar o valor da Zona Azul, “onerando ainda mais os cidadãos que já enfrentam grandes adversidades econômicas em razão da pandemia”. O município diz que permanece à disposição da entidade e ressalta que sempre esteve aberto ao diálogo e a negociações com a diretoria da CAC.
O até então possível desligamento do convênio foi acompanhado pela reportagem, que em abril, noticiou que a Casa do Aprendiz Cidadão poderia encerrar a parceria que possui com a Prefeitura com a venda dos bilhetes da Zona Azul, a partir de 14 de junho, caso não houvesse um acordo entre as partes para um equilíbrio financeiro das atividades.
Na época, a entidade disse que a possível ruptura do convênio se dá em virtude do prejuízo financeiro vivido e apontou que se não houvesse um acordo, 35 funcionários precisariam ser dispensados “em plena crise social e econômica”. Sem um acordo entre as partes, no final de maio, a CAC entregou a 32 dos 35 funcionários o aviso prévio, que teria como resultado o término da parceria dentro do prazo anunciado.
A proposta da Casa era de que houvesse uma elevação dos valores aplicados pela Zona Azul, que deveriam subir de R$ 1,50 para R$ 3 por uma hora, e de R$ 3 para R$ 6 no caso de estacionamento por duas horas. De acordo com o presidente, a Prefeitura foi notificada em 23 de fevereiro de que o trabalho desenvolvido pela entidade cessaria inicialmente em 24 de maio, prazo que foi prorrogado. “A razão da possível ruptura do convênio ocorre em vista do prejuízo financeiro que a entidade vem sofrendo desde o governo municipal anterior”, destacou na época.
Ainda no final de maio, ao considerar declarações da Prefeitura acerca de eventual alocação dos atendentes da Zona Azul, em razão da demissão dos funcionários, a CAC protocolizou ofício rogando auxílio do prefeito Ed Thomas (PSB) para que busque inserir os jovens o mais breve possível no mercado de trabalho. No documento, a entidade afirma se preocupar com essa situação social e busca proteger seus funcionários.
De acordo com o Executivo de Presidente Prudente, a Prefeitura trata como “prioridade” a alocação destes jovens no mercado de trabalho, e que “não medirá esforços” para que isso ocorra no “menor tempo possível”, por meio de parcerias com a iniciativa privada.