Um mês antes de vencer o período cautelar de 60 dias, a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) opinou pela permanência dos 12 líderes da maior facção criminosa do Estado no RDD (regime disciplinar diferenciado) do Centro de Readaptação Penitenciária Doutor José Ismael Pedrosa, em Presidente Bernardes. O parecer do secretário Lourival Gomes foi encaminhado à Justiça em resposta a um pedido da Polícia Civil e do MPE (Ministério Público Estadual) e anexado aos processos de internação dos detentos. No mesmo documento, a pasta ainda se manifestou favorável à transferência de quatro presos da mesma organização que também estão no RDD para presídios federais.
Atualmente, 16 integrantes da organização criminosa estão internados em Bernardes
Os 12 presos ligados à cúpula do grupo criminoso foram transferidos para Bernardes em 14 de dezembro, por determinação da Justiça. Entre os detentos está Marco Willians Herbas Camacho, Marcola, apontado como principal chefe da facção. Alguns dias depois, outros quatro integrantes que também cumpriam pena na P2 (Penitenciária 2) Maurício Henrique Guimarães Pereira, em Presidente Venceslau, tiveram o mesmo destino dos 12.
Essa segunda remessa de presos ao RDD envolveu Wanderson Nilton Paula Lima, Andinho; Hamilton Luis Pereira, Hidropônico; Fábio de Oliveira Souza, Fabinho Boy; e Eric de Oliveira Faria, conhecido como Eric Gordão. De acordo com o promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), Lincoln Gakiya, os quatro são acusados de planejar o assassinato de policiais e agentes de segurança, mesmo de dentro da P2 de Presidente Venceslau.
Conforme a Promotoria, o plano do grupo foi descoberto durante uma operação em Ribeirão Preto (SP) no ano passado, que culminou na prisão de alguns integrantes da facção, um deles originário de Presidente Prudente. Com eles, a Polícia Civil encontrou fotos, endereços e a rotina de pelo menos dez pessoas, entre agentes de segurança e policiais, inclusive da região de Prudente. As investigações apontaram que a ideia da organização era fazer as execuções parecerem latrocínio, a fim de despistar o envolvimento do grupo nas ações.
Medidas tomadas
As denúncias contra os líderes e integrantes presos foram elaboradas pela Polícia Civil e pelo MPE, com base nas investigações e desdobramentos da Operação Ethos, deflagrada em novembro do ano passado, que culminou em 54 pedidos de prisões preventivas à Justiça, incluindo de oito advogados detidos na região. A princípio, o grupo foi transferido ao RDD pelo período cautelar de 60 dias. Agora, a Promotoria quer que esse prazo seja estendido para um ano, no caso dos 12 líderes, e que os outros quatro detentos sejam encaminhados para unidades federais. Por isso pediu um posicionamento do Estado com relação ao assunto.
Por meio de nota, a SAP se manifestou favorável à transferência para presídio federal dos quatro dos detentos que estão atualmente em RDD. No entender da pasta, a "Operação Ethos demonstrou que esses presos estão envolvidos em casos de atentados contra agentes penitenciários, agentes de escolta e vigilância penitenciária e policiais".
Já com relação aos demais presos, a SAP expõe que "opinou que os outros 12 presos permaneçam recolhidos em regime disciplinar diferenciado, tendo em vista que o Estado de São Paulo possui o único Centro de Readaptação Penitenciária do país, pelo prazo de 360 dias". Segundo Lincoln Gakiya, o posicionamento do órgão foi anexado aos processos dos presos e agora deve ser analisado pelo juiz do caso, "provavelmente antes do vencimento dos primeiros 60 dias".