Nos últimos dias, Santo Anastácio esteve no centro das atenções, sendo citada por deputados na Câmara Federal, bem como em grandes jornais de circulação, como a Folha de São Paulo, além de outros veículos da mídia independente. Dada a insignificância da cidade para a vida nacional, muito surpreende esse interesse, e muito se lamenta seus motivos.
Projetada para ser a capital do oeste paulista, algo revelado pelas ruas largas que lembram uma grande cidade, outrora com pujante economia agrícola, o que se vê em seus casarões e prédios públicos, Santo Anastácio teve que amargar uma posição coadjuvante na realidade regional.
Apesar disso, o que poucos sabem, é a existência de uma certa tradição progressista na cidade, observável na alcunha “cidade do rock”, mas também por ter sido um núcleo de apoio financeiro à Guerrilha de Porecatu, nos anos 50/60, e tido um núcleo do Partido Comunista, ainda nos anos 1980, e ser, desde os anos 1990, sede de uma forte representação do Partido dos Trabalhadores na região.
Nos últimos anos, Santo Anastácio têm destoado por ter vereadores eleitos pelo PT e pelo PSOL, com jovens e atuantes legisladores, algo que não ocorre em Presidente Prudente, por exemplo, onde a representação de esquerda não obteve cadeiras na atual legislatura.
A visita a Santo Anastácio do candidato a governador de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad desencadeou uma série de fatos lamentáveis e vergonhosos para a cidade e para a vida política brasileira, o que explica a efêmera, porém significativa evidência que a cidade obteve na mídia nacional.
O candidato foi hostilizado, com protestos e ameaças. Contudo, o mais grave foi que as freiras do Educandário São José, que alugaram uma quadra poliesportiva para a realização das atividades partidárias, foram caluniadas, difamadas e ameaçadas por apoiadores da extrema direita. Áudios que circularam na cidade, atribuídos a pessoas que se identificavam como “empresários” e “cristãos” alegavam ser o PT um partido do mal, e que as freiras eram comunistas e petistas, e que se isso se confirmasse, as mesmas deveriam ser mortas, pois “Petista nós temos que matar, pisar no pescoço, até o bicho fungar…”.
Rios de tinta foram gastos por historiadores e cientistas políticos para discutir se a nossa extrema direita é ou não fascista. Também tenho dúvidas, mas, os sinais dados por Santo Anastácio parecem evidentes de uma resposta positiva, ao menos, por enquanto!