Sempre gostei de me cercar de livros. As obras de Monteiro Lobato foram responsáveis por adquirir o hábito de leitura. Percorri todos eles: “Reinações de Narizinho”, “Caçadas de Pedrinho”, “O Pica-pau Amarelo”... Um pouco mais adiante foi a vez de Érico Verrissimo. Comecei com “Olhai os lírios do campo” e não parei mais. Que maravilha “O retrato”, “Clarissa”, “Ana Terra”, “Música ao longe”, “Um lugar ao sol"…. mas foi “Incidente em Antares” que me abriu portas para um tipo de literatura mais dificil: o realismo fantástico. Daí foi um pulo para obras que me marcaram profundamente a juventude. Ah Machado de Assis de “Memórias póstumas de Brás Cubas: “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias”. A narrativa do defunto autor não é o máximo?
Sem dúvidas que são os livros um bom caminho para nos imunizar contra o discurso de ódio e da discórdia que querem implantar entre nós. Não são apenas as obras literárias, mas também os livros de grandes professores e intérpretes do Brasil, cujas obras teóricas beiram um bom romance. Eu coloco no topo da minha lista os escritos de Antônio Cândido, mas também Florestan Fernandes, Paulo Freire, Sérgio Buarque de Holanda, Celso Furtado, Darcy Ribeiro, Caio Prado Junior.
Esta semana eu fico com “O povo brasileiro - a formação e o sentido do Brasil” de Darcy Ribeiro. Nessa espécie de síntese de seus estudos das matrizes culturais e dos mecanismos de formação étnica e cultural do povo brasileiro, nosso mestre antropólogo nos lembra que a identidade cultural é um projeto (ainda que inacabado) moldado pela rica convivência entre os diferentes. Segundo ele, somos um país diverso, com a tendência de mobilidade entre as religiões e o sincretismo religioso.
Salve os caiçaras, os quilombolas, os ribeirinhos, as quebradeiras de coco, os seringueiros e castanheiros... Salve as benzedeiras, curadores e raizeiros!
Viva os povos indígenas brasileiros... desde os Yanomanis, guardiões das florestas na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, até as comunidades Guarani que unem as terras do Brasil com a Bolívia, o Paraguai, Uruguai e Argentina.
Salve todas as festas profanas e religiosas! Viva o carnaval, mas também o Círio de Nazaré e as romarias para Trindade, Santo Expedito e Pirapora do Bom Jesus.
Salve os batistas, os presbiterianos, os adventistas do sétimo dia, os luteranos e metodistas. Salve os pentecostais e os neopentecostais... Salve Ogum, Salve São Jorge, o guerreiro do povo brasileiro!